20.4.06

Plural das siglas

Que lindo serviço!

Leio na edição de Março da revista Escola (n.º 205, p. 22), do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL): «Prolongamentos/ATL’s… Não podemos cruzar os braços!» Admitindo que o título é da responsabilidade da autora do texto (de qualquer modo, a ficha técnica apresenta Luísa Pereira, quem sabe se professora, como revisora), Jacinta Vital, professora do 1.º Ciclo, estamos mal. Que língua é esta, afinal? Nem o inglês, senhora professora, usa apóstrofo para a formação do plural das siglas. Em português, as siglas não têm plural. Ainda assim, se quiser usar o s, elimine o nefando apóstrofo. (Como faz a Visão: «Serão as OPAs assim tão hostis?», «Os salários das OPAs», Clara Teixeira, pp. 110-114, 30.4.2006.)
É triste comprovar como até o pior (ou será o melhor?) jornalista (ou será revisor?) do jornal 24 Horas escreve melhor do que alguns dos nossos professores! Veja-se:
«Tramados pelas OPA», 24 Horas, 12.4.2006, p. 19.
O Público também tem uma prática consistente de grafar correctamente as siglas:
«Com as duas OPA — lançadas pela Sonaecom (proprietária do Público) e pelo BCP —, defendem as organizações, sai prejudicado o interesse dos consumidores e dos trabalhadores», Público, 12.4.2006, p. 37.
«CMVM recusa leilão nas OPA da PT e do BCP», Anabela Campos, Público, 6.4.2006, p. 46.
O Correio da Manhã escreve igualmente de forma correcta:
«Francisco Louçã, Ana Drago, António Chora e Miguel Portas lideram a campanha do bloco sobre os negócios das OPA que estará, nas próximas duas semanas, em todos os distritos do País, refere um comunicado dos bloquistas», «Jornal de rua sobre as OPA», Correio da Manhã, 11.4.2006, p. 24.
«É certo que para quem estava habituado à opulência o contraste podia ser doloroso, mas o antigo presidente sérvio dormia numa cela muito parecida à de uma residência universitária de topo, onde podia ver televisão e ouvir CD de músicos da sua preferência, como Frank Sinatra», Correio da Manhã, 12.3.2006, p. 38.
E o Expresso:
«E as OPA continuam…», «Diário de uma OPA», Caderno Economia, 18.3.2006, p. 10.

5 comentários:

Politikos disse...

E as empresas «opadas» - que sofreram uma OPA - e «opáveis» - que podem sofrer uma OPA?!

Helder Guégués disse...

Cá em casa, opadas só mesmo as latas de conserva... Quanto ao «opável», repare que também se diz e escreve «papável», «presidenciável», «ministeriável»... A língua é moldável, não convém é estirá-la demasiado.

Politikos disse...

Sem dúvida, em termos de construção da palavra, não é só o «opável» que é admissível, o «opada» também é, e não só nas latas de atum...

http://polisetc.blogspot.com/2006/02/opvel-e-opada.html

Helder Guégués disse...

Eu escrevi «cá em casa», tanto mais que não sofro de flatulência.

Politikos disse...

Fico muito mais descansado. Por tudo...