1.4.06

Sociedade: suicídio

Imagem: http://www.dreambox.com


Mortes

«Então, Saul tomou a sua espada e atirou-se sobre ela» (I de Samuel, 31,4) Este é apenas um dos exemplos bíblicos de suicídio, que, sendo uma das grandes tragédias da vida, fascina certas sociedades, como a japonesa. Só em 2004, mais de 32 mil japoneses cometeram suicídio.
Há pouco tempo, o jornal Público abordou este tema e o reflexo, inevitável, que tem na língua japonesa. Vejamos. Hara kiri (tradição dos samurais, que cortam a barriga com um punhal ou um sabre, para escapar às mãos do inimigo) todos nós conhecemos. A palavra até já está aportuguesada: haraquiri. Seppuku designa aproximadamente o mesmo. (Em 1970, o escritor japonês Yukio Mishima cometeu seppuku.) Com a Segunda Guerra Mundial, os infames kamikazes tornaram-se conhecidos no Ocidente. Além destes termos, o japonês tem ainda o shinju (suicídio de dois amantes, originalmente para provar a genuinidade do amor mútuo), o oyako (suicídio de uma família), o obasute (quando é cometido por idosos), o jusui jisatsu (morte por afogamento), o dokuyaku jisatsu (morte por envenenamento ou barbitúricos), o tooshin jisatsu (morte por salto de um despenhadeiro), entre outros.
Perante tantos suicídios, alguns colectivos agora combinados pela Internet, as autoridades japonesas apenas dizem: shoganai. (Não podemos fazer nada.) O suicídio não constitui um crime no Japão.