Cunhados e ferros de arado debaixo da terra são logrados
Numa conversa informal, surgiu a história, que merece um romance, de grandes proprietários brancos que, em Angola, quais régulos, são intocáveis precisamente porque respeitam a cultura local, o que se manifesta, por exemplo, no facto de acolherem as viúvas e os filhos de trabalhadores seus que tenham falecido. Embora haja aqui algo semelhante a uma organização baseada na escravatura, não falta também um sentimento de humanidade, pelo que me lembrei imediatamente da instituição chamada levirato, que existiu entre os Judeus* e que persiste em África, entre certas tribos. Levirato provém do latim, língua em que se formou a partir de levir, «cunhado, irmão do marido». Vejamos o que diz a Bíblia:
«Quando dois irmãos residirem juntos e um deles morrer sem deixar filhos, a viúva não irá casar com um estranho; o seu cunhado é que se unirá a ela e a tomará como mulher, segundo o costume do levirato» (Deuteronómio, 25,5). Na Vulgata: «Quando habitaverint fratres simul et unus ex eis absque liberis mortuus fuerit uxor defuncti non nubet alteri sed accipiet eam frater eius et suscitabit semen fratris sui.»
* Entre os quais também existia o rito designado Halitzah, através do qual uma viúva cujo marido tivesse morrido sem descendência seria desobrigada do vínculo do casamento de levirato.
Blogue sobre a língua portuguesa, com ocasionais reflexões e incursões noutras áreas, porque afinal a língua cobre toda a realidade. Com marcado sentido pedagógico, sem abdicar do necessário humor.
19.5.06
Léxico: levirato
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