7.6.06

Estrangeirismo: «media»

Algum dia

      Aguardo com expectativa benévola o momento em que o Diário de Notícias se decida a escrever o estrangeirismo media como deve ser: como estrangeirismo que é, devendo destacá-lo como tal. O uso do itálico é de regra, parece-me. O jornal Público, pelo contrário, tem uma prática consistente de o grafar em itálico: media. O Expresso, por sua vez, grafa-o entre aspas: «media». Como alternativa, o Diário de Notícias pode aportuguesá-lo, como eu já faço: «os média».
      Um dia, no programa Acontece, Carlos Pinto Coelho, politicamente incorrecto, corrigiu um entrevistado: «Ó senhor professor, não diga “mídia”, diga “média”!» Esse é um dos problemas: como recebemos a palavra do inglês, há quem não veja nela um latinismo, tão puro como «curriculum» o é. Ora, sendo um plural, não podemos — mas ouvimos, meus senhores! — dizer «um media», sob pena de nos julgarem uns grunhos pouco lidos. Devemos dizer e escrever «um medium» (exactamente: como se estivéssemos a falar do professor Karamba), como o Público também faz: «Os blogues surgiram em massa, como um “medium rebelde”, sem regras e ao alcance de qualquer um» (Público, «Criada agência de blogues para fornecer conteúdos para jornais», Catarina Homem Marques, 11.4.2006, p. 47.) Tal como curriculacurriculum. Logo, o curriculum, os curricula; o currículo, os currículos; o medium, os media; o médium; os média. Claro, já sei: o português não tem plurais terminados em -a. Por outro lado, temos um plural de «médium»: «médiuns». Tudo visto, creio que é claro para todos que não podemos alterar o latim, isso é puro disparate, mas podemos e devemos moldar o termo em português.

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