Miscelânea
Lembram-se do texto em que questionava a forma como o Público grafava o topónimo Чорнобиль? Era «Tchernobil», sim. Eu defendia e continuo a defender a forma «Chernobil». Agora, por distracção ou mudança de opinião, escreveu: «Itália. Encerrou os reactores do acidente de 1986 em Chernobil» («Poderio nuclear dos países do G8», Público, 15.07.2006, p. 18).
«Pelo menos desde que, há três meses, a sócia-gerente da Confeitaria Doção, na Rua do Barão de Forrester, no Porto, aceitou tornar-se na única padeira do país a confeccionar pão judeu» («O ressurgimento da comunidade judaica do Porto», Natália Faria, Público, 11.06.2006, p. 73). Pão «judeu»! Isto num texto em que podemos ler «ritos judaicos», «comunidade judaica», «ano novo judaico», «vestígios judaicos» e «cidade judaica». Por outro lado, a tese de que o vocábulo «marrano» é pejorativo e «significa “porco”, precisamente porque alguns, para se livrarem da condenação pública, começaram a comer carne de porco, interdita aos judeus» não é, nem pouco mais ou menos, consensual, pelo que referir também a outra hipótese etimológica era imprescindível.
Já aqui escrevi uma vez sobre o significado do acrónimo «mupis». Como qualquer acrónimo, não precisa de ser isolado, qual cordão sanitário, por aspas. Assim não entendeu, erradamente, o jornalista Jorge Figueira: «A nossa arquitectura está em “mupis”, a de Espanha está no MoMA» («Aprender com Espanha» (Público/Mil Folhas, 15.07.2006, p. 22).
De vez em quando, o peru toucado aparece nos melhores jornais: «Em Março de 2004 foram descobertas quatro múmias em Cocahacra, no Perú» (Diário de Notícias, 6.07.2006, p. 34).
«A cegonha que no ano 2000 provocou o famoso “apagão” e deixou o País às escuras foi apenas um exemplo desta difícil interacção entre aves selvagens e cabos eléctricos e das consequências que daí podem resultar» («Linhas eléctricas fatais para as aves protegidas», Rita Carvalho, Diário de Notícias, 7.07.2006, p. 18). Que eu saiba, antes de uma palavra ser dicionarizada não passa por um estágio em que fique envolta em aspas.
Continua a ignorar-se a grafia dos vocábulos com o prefixo auto-, como se vê todos os dias nos jornais: «“Pensamos que deve ter havido uma razão para que ele tenha saído do estado de consciência mínima em que se encontrava, e achamos que houve um processo de auto-cura muito lento e progressivo do próprio cérebro.”» («Homem recupera após 19 anos em coma», Sónia Morais Santos, Diário de Notícias, 5.07.2006, p. 19). Se não percebem as regras, aqui vão, novamente, alguns exemplos: auto-ajuda, autobiografia, autocura, autodefesa, auto-estima, autofinanciamento, autogestão, auto-imune, autolavagem, automedicação, autonomear-se, autoprotecção, auto-retrato, auto-sugestão, autoteste, autovacina…
Lembram-se do texto em que questionava a forma como o Público grafava o topónimo Чорнобиль? Era «Tchernobil», sim. Eu defendia e continuo a defender a forma «Chernobil». Agora, por distracção ou mudança de opinião, escreveu: «Itália. Encerrou os reactores do acidente de 1986 em Chernobil» («Poderio nuclear dos países do G8», Público, 15.07.2006, p. 18).
«Pelo menos desde que, há três meses, a sócia-gerente da Confeitaria Doção, na Rua do Barão de Forrester, no Porto, aceitou tornar-se na única padeira do país a confeccionar pão judeu» («O ressurgimento da comunidade judaica do Porto», Natália Faria, Público, 11.06.2006, p. 73). Pão «judeu»! Isto num texto em que podemos ler «ritos judaicos», «comunidade judaica», «ano novo judaico», «vestígios judaicos» e «cidade judaica». Por outro lado, a tese de que o vocábulo «marrano» é pejorativo e «significa “porco”, precisamente porque alguns, para se livrarem da condenação pública, começaram a comer carne de porco, interdita aos judeus» não é, nem pouco mais ou menos, consensual, pelo que referir também a outra hipótese etimológica era imprescindível.
Já aqui escrevi uma vez sobre o significado do acrónimo «mupis». Como qualquer acrónimo, não precisa de ser isolado, qual cordão sanitário, por aspas. Assim não entendeu, erradamente, o jornalista Jorge Figueira: «A nossa arquitectura está em “mupis”, a de Espanha está no MoMA» («Aprender com Espanha» (Público/Mil Folhas, 15.07.2006, p. 22).
De vez em quando, o peru toucado aparece nos melhores jornais: «Em Março de 2004 foram descobertas quatro múmias em Cocahacra, no Perú» (Diário de Notícias, 6.07.2006, p. 34).
«A cegonha que no ano 2000 provocou o famoso “apagão” e deixou o País às escuras foi apenas um exemplo desta difícil interacção entre aves selvagens e cabos eléctricos e das consequências que daí podem resultar» («Linhas eléctricas fatais para as aves protegidas», Rita Carvalho, Diário de Notícias, 7.07.2006, p. 18). Que eu saiba, antes de uma palavra ser dicionarizada não passa por um estágio em que fique envolta em aspas.
Continua a ignorar-se a grafia dos vocábulos com o prefixo auto-, como se vê todos os dias nos jornais: «“Pensamos que deve ter havido uma razão para que ele tenha saído do estado de consciência mínima em que se encontrava, e achamos que houve um processo de auto-cura muito lento e progressivo do próprio cérebro.”» («Homem recupera após 19 anos em coma», Sónia Morais Santos, Diário de Notícias, 5.07.2006, p. 19). Se não percebem as regras, aqui vão, novamente, alguns exemplos: auto-ajuda, autobiografia, autocura, autodefesa, auto-estima, autofinanciamento, autogestão, auto-imune, autolavagem, automedicação, autonomear-se, autoprotecção, auto-retrato, auto-sugestão, autoteste, autovacina…
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