4.7.06

A língua do povo

Por assim dizer

Anos 90. Tratava-se de uma reportagem sobre a prática de sexo anal na população portuguesa. A repórter de uma das televisões, num qualquer lugarejo remoto do País, aproximou-se de duas senhoras idosas e perguntou a uma delas se praticava sexo anal com o marido. Como seria de esperar (ou não, como se verá a seguir), a senhora não sabia o que era isso de «sexo anal», e já não foi mau que não tivesse respondido, como nas anedotas, que, nessa matéria, só tinha planos quinquenais, como os da ex-União Soviética. A vizinha, contudo, ajudou a interpelada: «A menina quer saber se charingavas às avessas com o teu homem.» Querem mais inventiva do que isto? Provavelmente analfabetas, a mundividência delas era entretecida de outras palavras, diferentes das que expressavam a experiência da repórter.

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