6.7.06

Resmas e parónimos

Ao lado

      Agora, em certos programas da televisão, os concorrentes já não sabem sequer quantas folhas tem uma resma. «Cem», alvitrou um, possivelmente licenciado, não sei nem quis saber. Depois não querem que as pessoas digam, como o fotógrafo António Homem Cardoso: «Tenho a 4.ª classe, que corresponde hoje em dia a um curso universitário» (entrevista à revista Sábado, n.º 113, 29.06.2006, p. 110). Quem é que não sabia, antigamente, que uma resma se compõe de 500 folhas, ou seja, vinte mãos, e que cada mão tem 25 folhas? (A propósito de folhas, leia-se este texto de Nuno Crato.) E isto trouxe-me à memória o seguinte anúncio publicado no Diário de Notícias (21.05.2006, p. 56): «I.P.S.S. Na área da Infância e Juventude em Lisboa, precisa de candidatos para as funções de Perfeitos e Vigilantes. Enviar Curriculum Vitae para o apartado n.º 9025 Lisboa.» Que me recorde, os vocábulos «perfeito» e «prefeito» eram os únicos que eram apresentados para ilustrar o conceito de parónimo nas antigas gramáticas. Perfeito cretino me acharia a minha professora da escola primária se eu não soubesse usar, num contexto tão óbvio, o vocábulo «prefeito». Quando é tão rara a ocasião de usá-lo, eis que se falha por ignorância ou desmazelo.

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