No encalço da palavra certa
Tem razão o leitor Hugo Santos: em português há o vocábulo «empós», usado na locução prepositiva «empós de». Camilo, lembrou-me este leitor, usa-a. É verdade, assim como, por exemplo, recordei-lhe eu, Álvaro Feijó, no poema «Maria Madalena»: «lábios sorrindo sem esgares de pena,/Deusa de Amor — Maria Madalena/passa e, empós ela, há só rastros de luz». Ou Tomaz de Figueiredo na Procissão dos Defuntos: «O estilo atrás do assunto, o cálamo empós do estilo, e a nascer-lhe uma procaz sucessão de maneiras e dizeres obsoletos, a termos que o leitor quiçá deixou de o ser» (2.ª edição. Lisboa: Editorial Verbo, 1967, p. 105). É, porém, vocábulo caído em desuso. Retomemos, contudo, a frase espanhola: «Excepto en tales ocasiones, y en ciertas desviaciones que a comienzos de su carrera sufrió en pos del tipismo español...» A minha tradução foi então: «Excepto em ocasiões como a referida, e em certos desvios do início da sua carreira na peugada do tipismo espanhol...» Relembro a tradução objecto de análise: «Excepto nestas ocasiões, e em certos desvios do início da sua carreira depois da excentricidade espanhola...» Avisei então: «Como sempre, detenho-me apenas num determinado erro das frases, sem que com isso signifique que a frase esteja escorreita quanto ao resto.» É justamente o que acontece com esta frase, pois que traduzir «tipismo» por «excentricidade» não lembra ao mais excêntrico dos tradutores. Pensava eu, claro, mas a realidade desmentiu-me.
Actualização em 25.11.2010
«— Sim, Senhor, coisa bem feita! — declarou mestre Cagoto, desembocando empós de mim, varado e também desvanecido pela confiança. — Uma destas obras que só os antigos!» (Tiros de Espingarda, Tomaz de Figueiredo. Lisboa: Editorial Verbo, 1966, p. 54).
Tem razão o leitor Hugo Santos: em português há o vocábulo «empós», usado na locução prepositiva «empós de». Camilo, lembrou-me este leitor, usa-a. É verdade, assim como, por exemplo, recordei-lhe eu, Álvaro Feijó, no poema «Maria Madalena»: «lábios sorrindo sem esgares de pena,/Deusa de Amor — Maria Madalena/passa e, empós ela, há só rastros de luz». Ou Tomaz de Figueiredo na Procissão dos Defuntos: «O estilo atrás do assunto, o cálamo empós do estilo, e a nascer-lhe uma procaz sucessão de maneiras e dizeres obsoletos, a termos que o leitor quiçá deixou de o ser» (2.ª edição. Lisboa: Editorial Verbo, 1967, p. 105). É, porém, vocábulo caído em desuso. Retomemos, contudo, a frase espanhola: «Excepto en tales ocasiones, y en ciertas desviaciones que a comienzos de su carrera sufrió en pos del tipismo español...» A minha tradução foi então: «Excepto em ocasiões como a referida, e em certos desvios do início da sua carreira na peugada do tipismo espanhol...» Relembro a tradução objecto de análise: «Excepto nestas ocasiões, e em certos desvios do início da sua carreira depois da excentricidade espanhola...» Avisei então: «Como sempre, detenho-me apenas num determinado erro das frases, sem que com isso signifique que a frase esteja escorreita quanto ao resto.» É justamente o que acontece com esta frase, pois que traduzir «tipismo» por «excentricidade» não lembra ao mais excêntrico dos tradutores. Pensava eu, claro, mas a realidade desmentiu-me.
Actualização em 25.11.2010
«— Sim, Senhor, coisa bem feita! — declarou mestre Cagoto, desembocando empós de mim, varado e também desvanecido pela confiança. — Uma destas obras que só os antigos!» (Tiros de Espingarda, Tomaz de Figueiredo. Lisboa: Editorial Verbo, 1966, p. 54).
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