8.8.06

Alcunhas

O outro nome


      Os alentejanos são muito propensos a encontrar alcunhas para aqueles que lhes são próximos. Algumas alcunhas (do árabe كنية) transformaram-se até, com o tempo, em apelidos, o que mostra bem a sua eficácia. Há mesmo alguns estudos e teses de doutoramento — ah, pois claro — que têm como objecto as alcunhas. Vem isto a propósito da entrevista que o presidente do Brasil, Lula da Silva, deu ao Expresso (Única, 5.08.2006, pp. 56-64), na qual lembra que quando era sindicalista lhe perguntaram se era comunista, ao que respondeu: «Não. Sou torneiro-mecânico.»
      Na Aldeia Amarela, havia um indivíduo cuja alcunha era o comunista de Inverno. Segundo Francisco Martins Ramos (Alcunhas Alentejanas, Estudo Etnográfico, Associação de Defesa dos Interesses de Monsaraz, 1990, p. 86), trata-se de uma «designação outorgada com grande perspicácia a um homem que mudava de posição política conforme o ciclo agrícola lhe era benéfico ou não». Não é genial?

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