Vão falando
Até há pouco tempo, o termo «fileira» só era utilizado nas publicações e suplementos económicos e em manuais de certas disciplinas. Creio até que é bem sintomático do carácter técnico do conceito o facto de a acepção ainda não ter chegado aos dicionários da língua, mesmo aos melhores, como o Dicionário Houaiss. Ainda assim, lá se vai insinuando em algumas notícias dos jornais generalistas: «Hoje produtores florestais e empresários da fileira florestal — cortiça, celulose e madeiras — reúnem-se em Leiria para debater o estado da floresta nacional e reclamar do Governo “um investimento eficaz” numa “gestão sustentável” deste recurso natural» (Diário de Notícias, 19.09.2005). Sempre que há uma comunidade de interesses em redor de um mercado específico, fala-se de «fileira». Assim, «fileira industrial», «fileira florestal», «fileira têxtil» são locuções relativamente comuns desde os anos 80. Para outros autores, a definição é um pouco diferente: «Fileira Florestal — Centrada no desenvolvimento e preservação da floresta, esta categoria compreende todas as actividades da cadeia de valor ligada à floresta, desde a biologia das espécies aos produtos acabados de alto valor acrescentado.»
Sabendo isto, mais estranhei que no noticiário da Antena 1 das 19 horas de ontem se tivesse falado em «fileira industrial», sem mais nem menos. Apesar de tantos estudos, parece que não conhecem o público ouvinte. A rádio sempre foi e será o mais popular dos meios de comunicação. Passo pela Estefânia e lá está o sem-abrigo cujos únicos pertences são uns papelões-cobertores e um rádio. Aqui perto de casa, o guarda-nocturno de um lar passa a noite nas suas rondas a ouvir rádio. Na serra da Estrela, alguns pastores, isolados de tudo e de todos, entretêm-se a ouvir rádio. Eu sei que a rádio não é ouvida apenas por estas pessoas, mas elas serão a maioria, decerto. Falar-lhes de fileira, um conceito que nem os próprios jornalistas alcançam plenamente, parece-me pouco inteligente.
Até há pouco tempo, o termo «fileira» só era utilizado nas publicações e suplementos económicos e em manuais de certas disciplinas. Creio até que é bem sintomático do carácter técnico do conceito o facto de a acepção ainda não ter chegado aos dicionários da língua, mesmo aos melhores, como o Dicionário Houaiss. Ainda assim, lá se vai insinuando em algumas notícias dos jornais generalistas: «Hoje produtores florestais e empresários da fileira florestal — cortiça, celulose e madeiras — reúnem-se em Leiria para debater o estado da floresta nacional e reclamar do Governo “um investimento eficaz” numa “gestão sustentável” deste recurso natural» (Diário de Notícias, 19.09.2005). Sempre que há uma comunidade de interesses em redor de um mercado específico, fala-se de «fileira». Assim, «fileira industrial», «fileira florestal», «fileira têxtil» são locuções relativamente comuns desde os anos 80. Para outros autores, a definição é um pouco diferente: «Fileira Florestal — Centrada no desenvolvimento e preservação da floresta, esta categoria compreende todas as actividades da cadeia de valor ligada à floresta, desde a biologia das espécies aos produtos acabados de alto valor acrescentado.»
Sabendo isto, mais estranhei que no noticiário da Antena 1 das 19 horas de ontem se tivesse falado em «fileira industrial», sem mais nem menos. Apesar de tantos estudos, parece que não conhecem o público ouvinte. A rádio sempre foi e será o mais popular dos meios de comunicação. Passo pela Estefânia e lá está o sem-abrigo cujos únicos pertences são uns papelões-cobertores e um rádio. Aqui perto de casa, o guarda-nocturno de um lar passa a noite nas suas rondas a ouvir rádio. Na serra da Estrela, alguns pastores, isolados de tudo e de todos, entretêm-se a ouvir rádio. Eu sei que a rádio não é ouvida apenas por estas pessoas, mas elas serão a maioria, decerto. Falar-lhes de fileira, um conceito que nem os próprios jornalistas alcançam plenamente, parece-me pouco inteligente.
2 comentários:
O termo "fileira" parece-me despropositado. Será mais um galicismo, chegado através da palavra francesa "filière", que numa das suas acepções registadas pelo Dicionário "Le Petit Larousse Illustré" significa "Ensemble des activités, des industries relatives à un produit de base". No caso presente, deveria ter sido utilizado o vocábulo "área".
Vem, de facto, do francês. Já temos sorte por se tratar de um estrangeirismo e não de um empréstimo.
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