Preservativo
Recentemente, alguém me perguntava, e não estava a brincar, se «ainda existe essa coisa dos galicismos». Perguntei-lhe se conhecia o Movimento 560. Ah, sim, estou a ver, exclamou, você não me dá chance! Como é que adivinhou que esse é o galicismo que mais odeio!?
Vejamos uma citação do truculento frade José Agostinho de Macedo: «Os galicismos introduzidos na língua, e acrescidos por quem os pretendeu expungir, e que os maus mestres e tradutores do francês para cá nos acarretaram, desafiavam o riso aos homens sisudos, e que se não deixavam contaminar, tendo a devoção de lerem todos os dias, ao levantar da cama, uma ou duas páginas dos nossos bons livros portugueses, único preservativo contra a peste francesa.»
Eça de Queirós, por sua vez, num artigo intitulado «O Francesismo», de As Últimas Páginas, escreveu: «Há já longos anos que eu lancei a fórmula: — Portugal é um país traduzido do francês em vernáculo. A secura, a impaciência, com que ela foi acolhida, provou-me irrecusavelmente que a minha fórmula era subtil, exacta, e se colava à realidade como uma pelica. E para lhe manter a superioridade preciosa da exactidão, fui bem depressa forçado a alterá-la, de acordo com a observação e a experiência. E de novo a lancei assim aperfeiçoada: — Portugal é um país traduzido do francês em calão. E desta vez a minha fórmula foi acolhida com simpatia, com rebuliço, e rolou de mão em mão como uma moeda de ouro bem cunhada.»
Recentemente, alguém me perguntava, e não estava a brincar, se «ainda existe essa coisa dos galicismos». Perguntei-lhe se conhecia o Movimento 560. Ah, sim, estou a ver, exclamou, você não me dá chance! Como é que adivinhou que esse é o galicismo que mais odeio!?
Vejamos uma citação do truculento frade José Agostinho de Macedo: «Os galicismos introduzidos na língua, e acrescidos por quem os pretendeu expungir, e que os maus mestres e tradutores do francês para cá nos acarretaram, desafiavam o riso aos homens sisudos, e que se não deixavam contaminar, tendo a devoção de lerem todos os dias, ao levantar da cama, uma ou duas páginas dos nossos bons livros portugueses, único preservativo contra a peste francesa.»
Eça de Queirós, por sua vez, num artigo intitulado «O Francesismo», de As Últimas Páginas, escreveu: «Há já longos anos que eu lancei a fórmula: — Portugal é um país traduzido do francês em vernáculo. A secura, a impaciência, com que ela foi acolhida, provou-me irrecusavelmente que a minha fórmula era subtil, exacta, e se colava à realidade como uma pelica. E para lhe manter a superioridade preciosa da exactidão, fui bem depressa forçado a alterá-la, de acordo com a observação e a experiência. E de novo a lancei assim aperfeiçoada: — Portugal é um país traduzido do francês em calão. E desta vez a minha fórmula foi acolhida com simpatia, com rebuliço, e rolou de mão em mão como uma moeda de ouro bem cunhada.»
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