Então, o que é que se diz aqui?
Segundo o Diário de Notícias, «rejuvenescer e posicionar o Licor Beirão como a primeira bebida da noite, assim como divulgar a nova rotulagem da garrafa é o objectivo da mais recente campanha da marca» («Licor Beirão quer rejuvenescer imagem»). A jornalista Sofia Canelas de Castro, do Correio da Manhã, esteve no local das filmagens do novo anúncio da marca e conta-nos o que (ou)viu: «De volta ao ‘set’ de filmagens, Quintela repete-se, sem revelar cansaço. “Então, o que é que se bebe aqui? Sirva já três licores Beirão, um com sombrinha para a senhora.”» Pois é, mas o que nós ouvimos no anúncio é: «Então, o que é que se bebe aqui? Sirva já três Licor Beirão, um com sombrinha para a senhora.»
Terá a jornalista do Correio da Manhã pretendido corrigir, mesmo inconscientemente, ou ouviu mal? De facto, é com alguma estranheza que ouvimos a sequência «três Licor Beirão». Porque é que não se faz a concordância se os nomes são todos portugueses? Se a marca tivesse uma grafia estranha à língua portuguesa, seria de admitir a referência ao plural através do singular, porque haveria então uma elipse: «Por favor, dê-me três [comprimidos da marca] Atarax.» No caso que nos ocupa, há uma segunda dificuldade: o substantivo «licor» faz parte da marca: «Licor Beirão». Se pluralizarmos, será o todo, que passará assim a nome comum: «licores beirões». Uma solução de compromisso seria pluralizar somente o substantivo «licor», tanto mais que a estranheza no anúncio advém de se usar «três licor» (foi a «solução» da jornalista Sofia Canelas de Castro).
Havia uma forma de contornar — que por vezes se revela a melhor opção — a dificuldade, que era dizer: «Então, o que é que se bebe aqui? Sirva já três cálices de Licor Beirão, um com sombrinha para a senhora.» Talvez fosse menos eficaz e criativa, mas seria incontestavelmente a mais correcta.
Segundo o Diário de Notícias, «rejuvenescer e posicionar o Licor Beirão como a primeira bebida da noite, assim como divulgar a nova rotulagem da garrafa é o objectivo da mais recente campanha da marca» («Licor Beirão quer rejuvenescer imagem»). A jornalista Sofia Canelas de Castro, do Correio da Manhã, esteve no local das filmagens do novo anúncio da marca e conta-nos o que (ou)viu: «De volta ao ‘set’ de filmagens, Quintela repete-se, sem revelar cansaço. “Então, o que é que se bebe aqui? Sirva já três licores Beirão, um com sombrinha para a senhora.”» Pois é, mas o que nós ouvimos no anúncio é: «Então, o que é que se bebe aqui? Sirva já três Licor Beirão, um com sombrinha para a senhora.»
Terá a jornalista do Correio da Manhã pretendido corrigir, mesmo inconscientemente, ou ouviu mal? De facto, é com alguma estranheza que ouvimos a sequência «três Licor Beirão». Porque é que não se faz a concordância se os nomes são todos portugueses? Se a marca tivesse uma grafia estranha à língua portuguesa, seria de admitir a referência ao plural através do singular, porque haveria então uma elipse: «Por favor, dê-me três [comprimidos da marca] Atarax.» No caso que nos ocupa, há uma segunda dificuldade: o substantivo «licor» faz parte da marca: «Licor Beirão». Se pluralizarmos, será o todo, que passará assim a nome comum: «licores beirões». Uma solução de compromisso seria pluralizar somente o substantivo «licor», tanto mais que a estranheza no anúncio advém de se usar «três licor» (foi a «solução» da jornalista Sofia Canelas de Castro).
Havia uma forma de contornar — que por vezes se revela a melhor opção — a dificuldade, que era dizer: «Então, o que é que se bebe aqui? Sirva já três cálices de Licor Beirão, um com sombrinha para a senhora.» Talvez fosse menos eficaz e criativa, mas seria incontestavelmente a mais correcta.
3 comentários:
E se a empresa tiver mesmo ponderado isto e tiver concluído que, uma vez que a marca é "Licor Beirão, não faria sentido fazer a concordância? Terá feito um raciocínio errado?
Se tivesse ponderado tudo, como eu fiz, não concluiria que não fazia sentido a concordância — porque faz.
E ainda...
o licor é servido em copo grande! quando o licor é servido em copo pequenino.
Obrigada
Francisca Simões
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