Letra grelada
«Um dos primeiros museus do país surgiu na capital baixo-alentejana, pouco depois da refundação da diocese, em 1770, por iniciativa de Frei Manuel do Cenáculo, revela José António Falcão» («Diocese de Beja inaugura mais um núcleo da sua rede museológica», Carlos Dias, Público, 10.10.2006, p. 53).
«Para a presidência da Real Mesa Censória [o marquês de Pombal] escolheu o bispo de Beja, frei Manuel do Cenáculo (1724-1814), pois conciliava as qualidades exigidas de “varão dos mais sábios e autorizados” e “erudito nas letras sagradas e humanas; prudente, zeloso do argumento da Religião e do Estado e bem instruído nos direitos do sacerdócio e do Império”» («Cenáculo e a censura intelectual», António Valdemar, Actual/Expresso, 7.10.2006, p. 62).
«Um dos primeiros museus do país surgiu na capital baixo-alentejana, pouco depois da refundação da diocese, em 1770, por iniciativa de Frei Manuel do Cenáculo, revela José António Falcão» («Diocese de Beja inaugura mais um núcleo da sua rede museológica», Carlos Dias, Público, 10.10.2006, p. 53).
«Para a presidência da Real Mesa Censória [o marquês de Pombal] escolheu o bispo de Beja, frei Manuel do Cenáculo (1724-1814), pois conciliava as qualidades exigidas de “varão dos mais sábios e autorizados” e “erudito nas letras sagradas e humanas; prudente, zeloso do argumento da Religião e do Estado e bem instruído nos direitos do sacerdócio e do Império”» («Cenáculo e a censura intelectual», António Valdemar, Actual/Expresso, 7.10.2006, p. 62).
Apesar de viver num século caótico no que respeita à grafia do português, foi o poeta António Feliciano de Castilho que em certa ocasião se referiu ao uso injustificado das maiúsculas como «letra grelada». Este malfadado vezo continua ainda hoje. A ideia de que a maiúscula serve para salientar determinadas palavras a que se dá especial valor perdeu-se em grande parte. Para não me cingir ao presente, cito um opúsculo que tenho à minha frente intitulado Regras para Aprender a Língua Portuguesa segundo o Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro, da autoria de J. Estêvão Pinto. Na parte final desta obra, na secção «Frases de aplicação de algumas regras», pode ler-se: «O marquês de Pombal foi ministro de D. José I»; «O rei da Inglaterra chama-se Jorge».
Há, sei perfeitamente, casos muito mais injustificados de uso da maiúscula, sobretudo quando inclui a palavra «presidente». Vejamos alguns:
«O chefe da diplomacia da Bielorrússia, Sergei Lavrov, veio ontem dizer que a polícia mostrou “mostrou contenção e paciência” durante as manifestações que, ao longo de toda a semana, encheram as ruas de Minsk em contestação à reeleição do Presidente do país, Alexander Lukachenko» («Ministro bielorrusso diz que polícia foi “contida”», Público, 27.3.2006).
«Antes de sobrevoar a Base Naval de Lisboa num helicóptero Lync, o Presidente esteve embarcado na fragata Corte Real. Aqui assistiu a dois briefings, um do CEMA sobre os meios e objectivos da Armada, outro em pleno centro de comando do navio sobre a operação virtual em que “participou”» («Presidente elogia esforço do Governo com militares», Manuel Carlos Freire, Diário de Notícias, 1.06.2006, p. 5).
«A intervenção do Presidente afegão surge num momento em que as forças da NATO desencadearam uma importante ofensiva no Sul do país — considerado um dos bastiões dos talibãs — para o subtrair ao controlo de facto dos islamitas, entrando em zonas onde o Governo de Cabul não tem meios para fazer sentir a sua presença» («Karzai adverte Ocidente para fracasso afegão», Abel Coelho de Morais, Diário de Notícias, 23.06.2006, p. 11).
«Candidato da esquerda a Presidente paralisa Cidade do México» (Dulce Furtado, Público, 1.08.2006, p. 19).
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