Em que se fala de má publicidade e tiros
Neste anúncio da Portugal Telecom, que está a ser publicado, em página inteira, em vários jornais, podemos ler: «Chamadas grátis para sempre? Épa, inventam tudo!» Não terão antes pretendido escrever «EPA», abreviatura de Escola Prática de Artilharia? Então, está o acento agudo a mais. Estou a brincar. E, o que é pior, parece que também eles estão a brincar. Vejamos. «Épa» não existe, mas ninguém — a PT, os Gato Fedorento, a agência de publicidade — se deu ao trabalho de consultar um dicionário. Para quê, não é? Se isto tem tudo tanta graça, mas tanta… Deveriam ter escrito, já todos os meus leitores viram isso, desta forma: «Chamadas grátis para sempre? Eh, pá, inventam tudo!» «Eh», no caso, é uma interjeição que exprime surpresa. «Pá» é a forma abreviada de «rapaz», usada como interlocutório pessoal. Tornou-se, depois do 25 de Abril, bordão de linguagem, marcando o tratamento nas relações sociais. Lembro-me sempre, quando penso em «pá», de Otelo Saraiva de Carvalho, que ainda hoje, passados mais de trinta anos, profere «pá» com uma frequência estonteante. Parece uma G3: pá-pá-pá-pá-pá-pá-pá-pá-pá…
Neste anúncio da Portugal Telecom, que está a ser publicado, em página inteira, em vários jornais, podemos ler: «Chamadas grátis para sempre? Épa, inventam tudo!» Não terão antes pretendido escrever «EPA», abreviatura de Escola Prática de Artilharia? Então, está o acento agudo a mais. Estou a brincar. E, o que é pior, parece que também eles estão a brincar. Vejamos. «Épa» não existe, mas ninguém — a PT, os Gato Fedorento, a agência de publicidade — se deu ao trabalho de consultar um dicionário. Para quê, não é? Se isto tem tudo tanta graça, mas tanta… Deveriam ter escrito, já todos os meus leitores viram isso, desta forma: «Chamadas grátis para sempre? Eh, pá, inventam tudo!» «Eh», no caso, é uma interjeição que exprime surpresa. «Pá» é a forma abreviada de «rapaz», usada como interlocutório pessoal. Tornou-se, depois do 25 de Abril, bordão de linguagem, marcando o tratamento nas relações sociais. Lembro-me sempre, quando penso em «pá», de Otelo Saraiva de Carvalho, que ainda hoje, passados mais de trinta anos, profere «pá» com uma frequência estonteante. Parece uma G3: pá-pá-pá-pá-pá-pá-pá-pá-pá…
5 comentários:
Acho abusivo incluir a participação dos Gato Fedorento na feitura dos cartazes. Salvo melhor opinião, eles não são de assassinar o português. Veja-se o sítio www.gatofedorento.blogspot.com. Parece que se deve assacar a responsabilidade a outros
Abusivo, acha? E eu acho que é ingenuidade da sua parte. Acredita também que eles não conferem o cheque com que lhes pagam estes trabalhos, não?
Helder,
Você mistura várias coisas (e aproveito já também o seu comentário acima): uma perversão ortográfica, a responsabilidade dos GF por um texto publicitário, o cachet dos moços.
Eles têm, como actores, um papel linguístico de grande interesse, e estou certo de que de alguma utilidade. Só por isso vale a pena serem bem pagos. (Você faz o mesmo, ou mais, e não vê um tuste? Aceite o vintenzinho deste meu reconhecimento).
Mas outra coisa. Tal como o «prontos», cuja vulgarização anda atribuída a MEC, já era vivíssimo nos anos 50 (e possivelmente antes ainda, mas não posso testemunhar), assim também o «pá», que você põe como vulgarizado pelos revolucionários, o era.
Neste tipo de cálculos, todos demonstramos um pouco esse curioso egocentrismo...
O que está em causa é o erro, o resto é lateral.
Helder,
Lateral, decerto. Mas não menos interessante para o seu leitor.
Aproveitei para comentar este «post» no Aspirina.
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