Da escrita à fala
TSF, noticiário da meia-noite e meia, 26.11.2006, Bárbara Guevara: «Isto numa altura em que o Governo vai inaugurar a via tripla do IC19 até ao Cacém. Surge assim a problemática das acessibilidades à Grande Lisboa, com um tráfego médio diário superior a 100 000 veículos por dia. O IC19 só é superado pela ponte 25 de Abril como principal via de acesso à capital.»
«Diário por dia»? Se a jornalista falasse de improviso, compreendia-se este pleonasmo tão evidente, ainda mais indesculpável pela proximidade entre os termos sinónimos. Com mais atenção poderá sempre evitar-se este defeitos de expressão.
Com este post, passo a prestar mais atenção à oralidade. Usarei sempre gravações que transcreverei e arquivarei, para esclarecer quaisquer dúvidas. Bem podem invocar São Cristóvão (christos + pherein, «o que transporta Cristo»), patrono dos peregrinos e viajantes, mas também santo que preside aos erros da fala e aos abusos de linguagem.
«Pleonasmo
Ret.
O pleonasmo é uma forma de redundância que consiste em empregar numa frase termos do mesmo sentido (redundantes) ou em repetir uma ideia num enunciado: descer para baixo; ver com os olhos; uma duna de areia; monopólio exclusivo.
Por vezes o pleonasmo é utilizado propositadamente para criar um efeito de estilo, de ênfase: Eu vi com os meus próprios olhos!
O pleonasmo é uma noção gramatical; tautologia é a repetição de uma ideia.»
Olívia Maria Figueiredo e Eunice Barbieri de Figueiredo, Dicionário Prático para o Estudo do Português, Edições Asa, 1.ª ed., 2003, p. 349.
2 comentários:
Venho por este meio agradecer a critica que me teceu.
De facto li o texto de improviso e o laspo acontece tanto mais que eu estava a ler, ao mesmo tempo, um telex internacional. Como se costuma dizer: "estava com um olho no burro e outro no cigano".
Lamento o lapso, é de facto indesculpável, tanto por ser um pleonásmo, como pela proximidade do mesmo.
Pessoalmente tento sempre respeitar a lingua portuguesa, mas são muitas as vezes que por cansaço, improviso ou desatenção, surgem lapsos destes.
Uma coisa lhe garanto, não serão concerteza "gaffes" por ignorância.
Eu sugeria-lhe que quando assim fosse, ligasse directamente para a Rádio e falasse com o jornalista em questão.
Mais uma vez agradeço o reparo,
Barbara Guevara
Obrigado pela sua visita ao meu blogue. Não deixaria de fazer o que me sugere — mas para que número de telefone? Com que efeito? O que lhe peço é que continue a ler o meu blogue e outros afins deste. E se tiver dúvidas, ligue-me a mim: 966 446 073.
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