Não apostes
Uma amiga, professora (eu não disse já que conheço muitos professores?), apostou comigo, imprudente, em como não existe a palavra «chapelinho», mas «chapeuzinho».
Há quem se recorde que durante o Estado Novo a história do Capuchinho Vermelho andava publicada com o título A Menina do Chapelinho Encarnado. Não apenas «vermelho» era palavra expungida, aspada, obliterada do vocabulário do regime e, à força, dos cidadãos, como o muito mais interessante «capuchinho» não tinha ainda sido inventado. Isto é o que se lê por aí, porque de facto o regime apenas manteve o que já existia. Muito antes, na verdade, em 1877, foi publicada uma compilação — Contos para a Infância —, da autoria de Guerra Junqueiro, em que se pode comprovar que a personagem já se chamava Chapelinho Encarnado.
Uma amiga, professora (eu não disse já que conheço muitos professores?), apostou comigo, imprudente, em como não existe a palavra «chapelinho», mas «chapeuzinho».
Há quem se recorde que durante o Estado Novo a história do Capuchinho Vermelho andava publicada com o título A Menina do Chapelinho Encarnado. Não apenas «vermelho» era palavra expungida, aspada, obliterada do vocabulário do regime e, à força, dos cidadãos, como o muito mais interessante «capuchinho» não tinha ainda sido inventado. Isto é o que se lê por aí, porque de facto o regime apenas manteve o que já existia. Muito antes, na verdade, em 1877, foi publicada uma compilação — Contos para a Infância —, da autoria de Guerra Junqueiro, em que se pode comprovar que a personagem já se chamava Chapelinho Encarnado.
Ao lado de chapeuzinho, temos chapelinho, como também temos chapeirão (o infante D. Henrique, ensinaram-nos, usava chapeirão), chapelaço, chapelão, chapeleirão, chapeleta, chapelete e chapelório. A forma «chapelinho» explicar-se-á, creio, pelo facto de existir o vocábulo «chapel», a partir do qual se formou, de forma absolutamente regular, o diminutivo «chapelinho».