22.2.07

Neerlandês

Carne tenra e língua dura

Quem não se lembra do Prof. Carlos Fabião? Tenho hoje aqui à minha frente o texto de uma conferência — «As dificuldades de um português com a língua neerlandesa» — que proferiu em 30 de Outubro de 1961 no Centro Cultural Holanda-Portugal-Brasil, da qual respigo a seguinte historieta. Nem sequer é preciso conhecer a língua neerlandesa para entender cabalmente o que está em causa.

«Certo dia, pouco depois de ter chegado à Holanda, pretendendo eu obter carne de vitela bem tenra, entrei numa slagerij de Utreque e pedi a minha encomenda. Raciocinando, porém, com ingenuidade e precipitação, disse de mim para mim: “Tenro” é talvez da família etimológica de teder em Neerlandês. E, zás!, pedi carne teder… O carniceiro, porém, grande ratão, corrigiu-me, com um sorriso irónico, algo latino: “Mijhneer, disse ele apontando com o dedo, teder é, salvo seja!, aquela moça acolá; para carne de vitela diz-se mals!...
Corei um pouco, e aprendi a não ser precipitado nos meus raciocínios de vocabulário comparativo.» (p. 23)

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