21.2.07

O bom povo

Madre natureza

Lembram-se da velhota que perguntava a outra se já tinha charingado às avessas? Pois agora, mão amiga fez-me chegar um livro de histórias da autoria da médica Lourdes R. Girão, Gentes d’além Montes (edição da Câmara Municipal de Moncorvo, 1996). Um dos relatos, «A doente tinha doença venérea que tinha sido transmitida pelo marido», diz: «Era uma mulher do campo, envelhecida prematuramente. Após as queixas habituais de poliartralgias, de ter sido observada e já medicada, a doente mantinha-se sentada, rígida e imóvel, com a receita na mão.
— O que é que se passa? O que é que me quer contar? — pergunto.
— Está tanta gente lá fora… — diz a medo.
— E isso que importa, se ainda não acabou a consulta!... — encorajo.
— Eu queria dizer-lhe uma coisa, mas tenho vergonha…
— Ora, ora… Conhecemo-nos há tanto tempo… para quê isso?
— Bem… Sabe?... O meu homem está muito mal da “ponta da natureza” e eu não sei porquê, também não me sinto bem da “boca da madre”…»

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