Veja bem
Tal como um lojista não sabe se o facalhão que está a vender é para o cliente trinchar perus se para espostejar a mulher, também Helena Figueira, consultora das Dúvidas Linguísticas do jornal Público, não sabia que uma consulente pretendia saber se o verbo imergir é regular ou defectivo para, possivelmente, participar no Campeonato Nacional da Língua Portuguesa. Contudo, sabendo ou não, nunca poderia ter afirmado que, entre as obras que dão o verbo imergir como regular está a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra. Porque não está. Na página 445 (estou a citar a 3.ª edição, de 1986, que espero que não seja muito diferente da edição de 1998, citada pela consultora) da referida gramática o que se pode ler é: «Pelo modelo de banir [apresentado como defectivo] conjugam-se, entre outros, os seguintes verbos: abolir, aturdir, brandir, brunir, carpir, colorir, demolir, emergir, exaurir, fremir, fulgir, haurir, imergir, jungir, retorquir, ungir».
Tal como um lojista não sabe se o facalhão que está a vender é para o cliente trinchar perus se para espostejar a mulher, também Helena Figueira, consultora das Dúvidas Linguísticas do jornal Público, não sabia que uma consulente pretendia saber se o verbo imergir é regular ou defectivo para, possivelmente, participar no Campeonato Nacional da Língua Portuguesa. Contudo, sabendo ou não, nunca poderia ter afirmado que, entre as obras que dão o verbo imergir como regular está a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra. Porque não está. Na página 445 (estou a citar a 3.ª edição, de 1986, que espero que não seja muito diferente da edição de 1998, citada pela consultora) da referida gramática o que se pode ler é: «Pelo modelo de banir [apresentado como defectivo] conjugam-se, entre outros, os seguintes verbos: abolir, aturdir, brandir, brunir, carpir, colorir, demolir, emergir, exaurir, fremir, fulgir, haurir, imergir, jungir, retorquir, ungir».
3 comentários:
No que se diz respeito à gramática dos prof.s Celso Cunha e Lindley Cintra, parece que as partes que se referem a SUBMERGIR e a EMERGIR/IMERGIR foram escritas por pessoas diferentes. Pois há dois critérios para a mesma situação de E semi-breve. Não vejo qualquer diferença na pronúncia de SUBMERGIR e IMERGIR/EMERGIR, quanto aos EE e portanto todos estes verbos deviam ser completos.
Não me parece feliz a escolha do Campeonato de L.P., a não se queira dar lugar a polémicas.
Eu imerjo está correctíssimo, ora essa. Deixem-se de salamaleques.
Já agora, concorrer nessa bodega para ganhar dicionários da língua portuguesa da Porto Editora, mais uma visita a um sítio cultural (sic) é como deixar que nos insultem pela calada. Só o uso da expressão sítio cultural me enche de vascas. Vamos mas é ler Tolstoi e consultar dicionários e gramáticas agramaticais. À falta disto, que é bem melhor e nos permite noites bem mais interessantes, consultemos antes um Cândido de Figueiredo que (por acaso?) nos dá a existência da conjugação do verbo imergir na primeira do indicativo.
Mas quem é que manda, afinal, na gramática portuguesa?
Qualquer dia ainda se lembram de corrigir o Fernando que, entre outras correctíssimas, escreveu "ouvistaste" (carta à Ofelinha, de 6.5.1920).
Quanta batatinha para plantar, sacré nom de Dieu.
Só ultimamente é que as prometidas viagens são a «sítios culturais»; antes eram «sítios cuturais».
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