9.4.07

Léxico: «bacine»

É mesmo?
     


      O Diário de Notícias levou-nos a ver como se fazem amêndoas confitadas em Portalegre. «Qual é o segredo? “Claro que o segredo não se dá a ninguém, o processo é essencialmente amêndoa, açúcar e chocolate.” As caldas que se transformam na capa da amêndoa são feitas em tachos de cobre e também a amêndoa é rolada em caldeiras de cobre (cujo nome é bacine), refere ainda, enquanto dá uma olhadela na secção de empacotamento» («As amêndoas que vêm de Portalegre», Hugo Teixeira, 6.4.2007, p. 49). Inicialmente pensei, confesso, que a tal caldeira fosse — e a proximidade com Espanha fazia-me mesmo temê-lo — um penico espanhol: bacín: «Recipiente de barro vidriado, alto y cilíndrico, que servía para recibir los excrementos del cuerpo humano.» A grafia autorizava a suposição, mas não as acepções do vocábulo espanhol. Vamos ao francês. Bassine: «Bassin large et profond servant à divers usages domestiques ou industriels. Une bassine de confiture.» O étimo dos dois vocábulos é o mesmo: o latim vulgar baccinus. Agora a pergunta é como se devia escrever, dado o étimo provável. Escusado será dizer que o vocábulo não se encontra dicionarizado. Mas, como explica Sergio Pachá, lexicógrafo-chefe da Academia Brasileira de Letras, «a palavra não passa a existir a partir do momento que é registrada no dicionário. Vai para lá depois de existir».

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