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Já basta o maquis
Esta era a frase do original: «Les précipitations (entre 300 et 1000 mm/an) irriguent les paysages secs et touffus de garrigue et de maquis: chênes verts, boissons, bruyère…» O tradutor verteu da seguinte forma: «As precipitações (entre 300 e 1000 mm/ano) regam as paisagens secas e cerradas de garrigue e de maquis: castanheiros verdes, arbustos, urze…» Sim, é verdade, não faltam documentos em língua portuguesa nos quais se usa o francesismo garrigue — mas será necessário por intraduzível? Vejamos primeiro do que se trata. Garrigue: «Association buissonnante discontinue des plateaux calcaires méditerranéens résultant d’une régression de la forêt sous l’influence du feu ou du pâturage intensif» (in TLFI). Como provém do latim medieval garrica (com a variante garriga), podia ser que tivesse vindo a enriquecer o léxico do português, mas não. No catalão sim, há o termo correspondente: garriga: «Comunitat vegetal constituïda per plantes de fulla endurida i persistent, entre les quals predomina el garric» (in Gran Diccionari de la llengua catalana en línia). E o que é o garric, perguntamos nós? Pois é, segundo o mesmo dicionário, o «arbust perennifoli de la família de les fagàcies, de fulles coriàcies, lluents i espinoses, i fruit en gla, que es fa a la regió mediterrània, sovint formant extenses garrigues (Quercus coccifera)». Ora, se o nome comum da Quercus coccifera (frequente nos arredores de Lisboa) é carrasco, carrasqueiro ou carrasqueira, segue-se que carrascal traduzirá bem, salvo melhor opinião, o vocábulo garrigue.
Já basta o maquis
Esta era a frase do original: «Les précipitations (entre 300 et 1000 mm/an) irriguent les paysages secs et touffus de garrigue et de maquis: chênes verts, boissons, bruyère…» O tradutor verteu da seguinte forma: «As precipitações (entre 300 e 1000 mm/ano) regam as paisagens secas e cerradas de garrigue e de maquis: castanheiros verdes, arbustos, urze…» Sim, é verdade, não faltam documentos em língua portuguesa nos quais se usa o francesismo garrigue — mas será necessário por intraduzível? Vejamos primeiro do que se trata. Garrigue: «Association buissonnante discontinue des plateaux calcaires méditerranéens résultant d’une régression de la forêt sous l’influence du feu ou du pâturage intensif» (in TLFI). Como provém do latim medieval garrica (com a variante garriga), podia ser que tivesse vindo a enriquecer o léxico do português, mas não. No catalão sim, há o termo correspondente: garriga: «Comunitat vegetal constituïda per plantes de fulla endurida i persistent, entre les quals predomina el garric» (in Gran Diccionari de la llengua catalana en línia). E o que é o garric, perguntamos nós? Pois é, segundo o mesmo dicionário, o «arbust perennifoli de la família de les fagàcies, de fulles coriàcies, lluents i espinoses, i fruit en gla, que es fa a la regió mediterrània, sovint formant extenses garrigues (Quercus coccifera)». Ora, se o nome comum da Quercus coccifera (frequente nos arredores de Lisboa) é carrasco, carrasqueiro ou carrasqueira, segue-se que carrascal traduzirá bem, salvo melhor opinião, o vocábulo garrigue.
2 comentários:
"Chêne vert" também está mal traduzido. Devia ser azinheira e não castanheiro.
Aproveito para mais um agradecimento. Este blogue é um verdadeiro serviço público. Bem haja!
Como que a provar, como se fosse necessário, que se trata de casos reais, por vezes, demasiadas, na verdade, as traduções têm mais de um problema. Como é habitual, refiro-me quase sempre apenas a um deles. Esta é uma prevenção que já fiz oportunamente. Muito obrigado pelo seu contributo e pelas suas palavras.
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