Fantasias etílicas
Gosto muito, confesso, da palavra «rameira». Felizmente, faltam-me oportunidades de a usar. Conhecem os meus leitores a etimologia desta palavra? Para o Dicionário Houaiss, «era o nome dado no sXV, em Portugal, às frequentadoras de tabernas que, para assinalarem a sua presença, ostentavam na porta ramos de árvores». Está-se mesmo a ver: estas senhoras, digamos assim, iam para as tabernas e, debaixo do braço ou entre as anáguas, levavam um ramo, que penduravam mal chegavam ao seu destino. Um prostíbulo ambulante, um lupanar desmontável. Custa menos a crer na versão que já conhecia: na Idade Média, na península Ibérica, e não somente em Portugal, começou a usar-se um ramo na porta das tabernas para indicar que não era uma casa particular. (Na minha infância, passada numa rua onde havia uma taberna (em que certa vez, na companhia de dois amigos, todos com menos de dez anos, descobrimos como o argal nos permitia beber comodamente do barrilete de vinho abafado), lembro-me de ver pendurado um ramo de louro.) Na mesma época, as prostitutas perceberam que a melhor forma de dissimularem a sua actividade, ao mesmo tempo que atraíam clientes, era pendurarem um ramo como nas tabernas. Passaram então a ser, eufemisticamente, conhecidas por rameiras. Contudo, e é bom que se saiba, há quem ligue antes a palavra ao latino ramus, membro viril. Em espanhol, a palavra ramera, com o mesmo significado, existe desde o final do século XV.
Gosto muito, confesso, da palavra «rameira». Felizmente, faltam-me oportunidades de a usar. Conhecem os meus leitores a etimologia desta palavra? Para o Dicionário Houaiss, «era o nome dado no sXV, em Portugal, às frequentadoras de tabernas que, para assinalarem a sua presença, ostentavam na porta ramos de árvores». Está-se mesmo a ver: estas senhoras, digamos assim, iam para as tabernas e, debaixo do braço ou entre as anáguas, levavam um ramo, que penduravam mal chegavam ao seu destino. Um prostíbulo ambulante, um lupanar desmontável. Custa menos a crer na versão que já conhecia: na Idade Média, na península Ibérica, e não somente em Portugal, começou a usar-se um ramo na porta das tabernas para indicar que não era uma casa particular. (Na minha infância, passada numa rua onde havia uma taberna (em que certa vez, na companhia de dois amigos, todos com menos de dez anos, descobrimos como o argal nos permitia beber comodamente do barrilete de vinho abafado), lembro-me de ver pendurado um ramo de louro.) Na mesma época, as prostitutas perceberam que a melhor forma de dissimularem a sua actividade, ao mesmo tempo que atraíam clientes, era pendurarem um ramo como nas tabernas. Passaram então a ser, eufemisticamente, conhecidas por rameiras. Contudo, e é bom que se saiba, há quem ligue antes a palavra ao latino ramus, membro viril. Em espanhol, a palavra ramera, com o mesmo significado, existe desde o final do século XV.
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