4.6.07

Tradução: «oxymoronic»

Sem equívocos


      Cara Luísa Pinto: não pode pretender traduzir o inglês oxymoronic por «eufemístico» pela simples razão de não ser, nem pouco mais ou menos, a mesma coisa. É o mesmo que confundir já não digo uma alquitarra com um alambique, mas oaristo com aoristo. Parece claro: não temos o adjectivo relativo ao substantivo «oxímoro». A solução está em recorrer a uma expressão — «da natureza do oxímoro» —, o que nem sempre se enquadra no contexto, ou aportuguesar a palavra, e teremos oximorónico. Há quem já o faça: «Segundo a autora o fantástico funciona como um tropo oximorónico em que a contradição entre o possível e o impossível é mantida e desenvolvida» («A Simbólica do Espaço em The Lord of the Rings e Earthsea», Maria do Rosário Monteiro, in www.fcsh.unl.pt/docentes/rmonteiro.

4 comentários:

Anónimo disse...

Oximoro vs oxímoron. Creio que a versão correcta para este conceito será oximoro, na medida em que quando passa do grego para o latim o acento avança para a sílaba seguinte. Se quisermos manter a acentuação grega, creio que também deveremos manter o -n final (oxímoron). No entanto, dado que também é uma dúvida que me continua a inquietar, deixo este comentário como um aguilhão para esclarecimento de uma dúvida que essencialmente é minha.

Cordialmente,
AM

Helder Guégués disse...

Gosto, salvo seja!, de aguilhões e de farpas. No grego também é proparoxítona, razão por que opto por «oxímoro». Contudo, sei que não é matéria isenta de controvérsia. Acresce, mas esta é uma razão pessoal, que me soa muito melhor do que «oximoro».

Anónimo disse...

Grato, desde já, pela sua resposta ao meu comentário.

Contudo, por saber que os terrenos que pisamos se revelam claramente pantanosos, não fico satisfeito por completo com a hipótese de explicação apresentada. Passo a expor o meu argumento: sei que a palavra em grego é proparoxítona, facto comprovável no dicionário Bailly (Grec-Français) p. 1387. Não obstante, ela chega ao português não por via directa do grego, mas sim por via "indirecta" do latim, o que implica que o acento tenha avançado, tal como acontece com o nome próprio Heraclito (e não Heráclito, como muito gente acentua, quanto a mim, erradamente).
Por outro lado, não devemos descurar o facto de o -o da sílaba -mo ser longo no latim, respeitando a quantidade oriunda do ómega (facto comprovável no Septem Linguarum Calepinus de MDCCLXXIX). Creio que assim se reúnem as condições para que a palavra em português tenha acentuação paroxítona.

Fica aqui mais este comentário para dissipar a minha dúvida, que como reitero é essencialmente minha. Não busco a polémica pelo mero deleite do confronto, mas sim porque há muito procuro uma solução para este nó górdio. O problema é que muitas das explicações que tenho lido não me satisfazem plenamente.

Cordialmente,
AM

Helder Guégués disse...

Na passagem do grego, intermediado pelo latim, como é o caso, para o português, nem sempre ocorre hiperbibasmo, e resta saber se alguma vez ocorreria a diástole se não existisse a poderosíssima lei do menor esforço. Mas as línguas evoluem.