4.9.07

Estrangeirismos

O Magreb à mesa

Os estrangeirismos, é sabido, inundam os jornais. Alguns são escusados e, pior ainda, muitos já estão aportuguesados e o jornalista parece ignorá-lo. «Família, família, família... É à mesa que os rostos se revelam, e o realizador franco-tunisino Abdellatif Kechiche serve(-nos), para esse efeito, pratadas de couscous. A barriga, diz-se, é o mais próximo do coração» («Uma pratada de couscous em Veneza», Vasco Câmara, Público/P2, 4.09.2007, p. 10). O vocábulo couscous aparece quatro vezes no caderno P2, mas a forma registada nos dicionários da língua portuguesa, e aquela que o jornalista deveria ter usado, é «cuscuz». Mais: o vocábulo entrou primeiro na língua portuguesa, no século XV, e só depois, no início do século XVI, na língua francesa. O equivalente espanhol não prescindiu do artigo definido árabe al: alcuzcuz. Pouco usado e com etimologia no francês, o espanhol também regista cuscús.

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