6.9.07

Regência do verbo pedir

É só pedir

É muito comum os jornalistas (e, para ser justo, quem escreve, de uma maneira geral) errarem a regência do verbo pedir. Dois exemplos: «Apesar de a cantora pedir para não ser fotografada, pelo menos um dos convidados fez uma gravação com o telemóvel, que acabou por ser reproduzida nos jornais do país» («Shakira dá concertos privados em Moscovo», Público/P2, 5.09.2007, p. 12). «Os organizadores do concerto de Beyoncé marcado para o próximo mês de Novembro em Kuala Lumpur, a capital da Malásia, pediram à cantora para não vestir roupas ousadas durante o espectáculo, de forma a não “agredir” a maioria muçulmana do país» («Beyoncé obrigada a cobrir-se na Malásia», Público/P2, 5.09.2007, p. 12). Em ambos os casos, pergunto: foi pedida alguma coisa (pedir que) ou pedida autorização, licença, permissão (pedir para)? Não julgo que restem dúvidas de que é a primeira regência que ali era exigida. Pior ainda, não é raro ver o cruzamento das regências: pedir para que. Na mesma edição, encontramos exemplos correctos: «“Tinha uma barreira muito grande que era a minha pronúncia. Quando estamos ao telefone com pessoas que não nos conhecem, a pedir-lhes que invistam 50 mil dólares, a pronúncia é uma barreira.”» («Morte de um caixeiro-viajante que se tornou fotógrafo em Nova Orleães», Kathleen Gomes, Público/P2, 5.09.2007, pp. 8-9). «O Presidente José Ramos-Horta solicitara segunda-feira à ONU que ficasse no país até 2012 e pedira à Austrália, que tem a seu cargo uma Força Internacional de Estabilização que partilha com a Nova Zelândia, que se mantivesse ali até 2008» («ONU poderá ficar mais cinco anos em Timor-Leste», Jorge Heitor, Público, 5.09.2007, p. 16).

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