Baptizar leite
Em rigor, não há aqui contraste, mas leia-se. «As empresas de laticínios Parmalat e a Cooperativa Agropecuária Ltda. de Uberlândia (Calu) estariam entre os compradores de leite das cooperativas dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale) e Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), segundo a Polícia Federal (PF). As duas cooperativas são acusadas de “batizar” o leite longa vida com substâncias que aumentavam seu volume e disfarçavam suas más condições de conservação» («Presos 26 fraudadores de leite», O Povo, 23.10.2007, p. 11). Directamente do latim fraudator,oris, em Portugal não usamos o vocábulo com a mesma frequência*. Mais facilmente falaríamos em «adulteração» e, eventualmente, «adulterador». (Aliás, o Globo de ontem titulava, sobre o mesmo facto: «Cooperativas são suspeitas de adulterar leite em MG».) Quanto a «ba(p)tizar», dois reparos: não é necessário ser grafado entre aspas, pois é uma das acepções do vocábulo, e não é, como regista o Aulete Digital, um brasileirismo: «Bras. Pop. Adulterar (bebida, combustível, etc.), adicionando água ou outro líquido. [td.: Batizaram o leite, que ficou aguado.]» Entre nós, o Dicionário da Academia dá-o como termo familiar. Neste caso, e ainda segundo O Povo, os adulteradores são suspeitos de ter adicionado ao leite peróxido de hidrogénio (água oxigenada), soda cáustica, ácido cítrico, citrato de sódio, sal e açúcar.
* Há um estudo, dissertação de mestrado, que aborda estes termos: Derivação Nominal em -dor/a e em -deiro/a no Português Europeu Contemporâneo, de Nuno Neves Renca. Descarregar aqui.
Em rigor, não há aqui contraste, mas leia-se. «As empresas de laticínios Parmalat e a Cooperativa Agropecuária Ltda. de Uberlândia (Calu) estariam entre os compradores de leite das cooperativas dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale) e Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), segundo a Polícia Federal (PF). As duas cooperativas são acusadas de “batizar” o leite longa vida com substâncias que aumentavam seu volume e disfarçavam suas más condições de conservação» («Presos 26 fraudadores de leite», O Povo, 23.10.2007, p. 11). Directamente do latim fraudator,oris, em Portugal não usamos o vocábulo com a mesma frequência*. Mais facilmente falaríamos em «adulteração» e, eventualmente, «adulterador». (Aliás, o Globo de ontem titulava, sobre o mesmo facto: «Cooperativas são suspeitas de adulterar leite em MG».) Quanto a «ba(p)tizar», dois reparos: não é necessário ser grafado entre aspas, pois é uma das acepções do vocábulo, e não é, como regista o Aulete Digital, um brasileirismo: «Bras. Pop. Adulterar (bebida, combustível, etc.), adicionando água ou outro líquido. [td.: Batizaram o leite, que ficou aguado.]» Entre nós, o Dicionário da Academia dá-o como termo familiar. Neste caso, e ainda segundo O Povo, os adulteradores são suspeitos de ter adicionado ao leite peróxido de hidrogénio (água oxigenada), soda cáustica, ácido cítrico, citrato de sódio, sal e açúcar.
* Há um estudo, dissertação de mestrado, que aborda estes termos: Derivação Nominal em -dor/a e em -deiro/a no Português Europeu Contemporâneo, de Nuno Neves Renca. Descarregar aqui.
2 comentários:
A adulteração do leite e dos combustíveis (batismo, se for com água).
A Polícia Federal, em Uberaba – MG, deflagrou a Operação Ouro Branco, com o objetivo de combater crimes contra a saúde pública e relações de consumo cometidos pela Coopervale e pela Casmil, que são acusadas de adicionar substâncias não permitidas ou permitidas, além da dosagem legal, ao leite longa vida integral, tornando-o impróprio para o consumo humano; o leite adulterado era revendido pelas empresas Parmalat e Calu, em todo o Brasil.
A adulteração dos combustíveis se caracteriza pela adição irregular, de qualquer substância, sem recolhimento de impostos, visando à obtenção de lucro indevido. No Brasil, atinge níveis alarmantes. Freqüentemente, o álcool etílico, a gasolina e o óleo diesel são adulterados, com a adição de água ou de solventes. Quem se interessar pelo assunto, encontrará a publicação “ENTENDENDO A ADULTERAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS”, com 120 páginas, no site
http://www.prsp.mpf.gov.br/marilia/e-books/entendadultcomb/livro_eac3.pdf
Complementando a contribuição.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) determinou a interdição de lotes de leite tipo longa vida, comercializados pelas empresas Parmalat, Calu e Centenário, impróprios para o consumo humano, por terem sido adulterados com soda cáustica e água oxigenada. A adulteração ocorria em 450 mil litros de leite por dia e vinha sendo praticada há dois anos.
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