2.12.07

Léxico contrastivo: «bacana»

Charadas

Comecemos, por uma vez, ao contrário. Primeiro o título da notícia: «Comida vencida em endereço de bacana». Poucos serão os leitores portugueses que a compreenderão. Agora as primeiras linhas: «O restaurante Garcia & Rodrigues, localizado em um dos metros quadrados mais caros do Rio, o Leblon, e freqüentado por figuras como Chico Buarque e o governador do Rio, Sérgio Cabral, teve que arcar com uma multa de R$ 25 mil por colocar à venda produtos impróprios para o consumo. A vigilância sanitária esteve no local ontem, depois de uma denúncia de que havia alimentos estragados no estabelecimento» (Anna Luiza Guimarães, Jornal do Brasil, 29.11.2007, p. A12). Ou seja, comida fora de prazo encontrada em ponto de encontro de gente rica.
Como adjectivo, «bacana» é o que os Brasileiros designam «palavra-ônibus» (de omnibus, para todos), a palavra, quase sempre de uso coloquial, cujas acepções são tão diversas que não comportam uma clara delimitação semântica, como, por exemplo, «coisar», «legal», «troço», entre outras. Como substantivo, como é usada na notícia, significa pessoa rica, que é a acepção que tem no lunfardo, de onde terá — o que é controverso — vindo.

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