27.12.07

Regência de emboscar

Gramática e lógica

«Continuam envoltas em mistério as razões da agressão de que foi vítima o pároco de Alijó, na noite de consoada, supostamente levada a cabo por um grupo de indivíduos que o emboscou, por volta da meia-noite, na estrada de montanha que liga Sanfins do Douro à vila de Alijó» («Padre agredido em silêncio com medo de represálias», Global, 26.12.2007, p. 8). Um grupo de indivíduos que «o emboscou»? Está certa, esta regência? No contexto, está completamente errada. Tal como foi redigida, a frase significa que os indivíduos embrenharam a vítima, o padre, numa zona de boiças, por exemplo. Ou então que o puseram de emboscada. Ora, o que o texto nos afiança é que apenas o deixaram amarrado a uma árvore. A frase saiu semanticamente embostelada, foi o que foi. Por outro lado, se o agredido não fala, como é que se pode afirmar que o silêncio se deve a medo de represálias? Se não fala, o que se diga sobre as razões é mera especulação.

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