28.12.07

Selecção lexical

Erros e exageros

      «O 24horas apurou que foram encontradas no vestuário algumas impressões digitais que podem vir a ser importantes para esclarecer o mistério da identidade do grupo que bateu no jovem prelado de 38 anos, o deixou ao abandono no meio do monte e lhe destruiu o Mercedes» («‘Estava abatido, com o corpo todo dorido’», Pedro Emanuel Santos, 24 Horas, apud Global, 28.12.2007, p. 8). «Prelado»? Mas não é um mero pároco? O Livro de Estilo do Público bem previne: «[…] pode utilizar-se a palavra “prelado” para designar um bispo, nunca para referir um padre». Recorro à definição da Enciclopédia Católica Popular: «(Do lat. = superior). Nome da­do, na antiga sociedade romana, às auto­ri­dades civis. O seu uso entrou na gíria eclesiástica como título dado a quem na Igreja goza de maior autoridade no foro externo: Papa, cardeais, bispos e demais ordinários de lugar e mesmo superiores maiores de institutos, especialmente aba­des e abadessas (preladas). O anterior Código de Direito Canónico redu­ziu o uso deste título aos clérigos com jurisdição ordinária no foro externo e a quan­tos a Santa Sé o tenha concedido como título honorífico. O actual CDC reduz o título de prelado ao ordinário duma prelatura pessoal ou duma pre­la­tura territorial. Na linguagem corren­te, porém, continua a dar-se o nome de p. aos membros do chamado “alto cle­ro”, especialmente cardeais, patriarcas e bispos. Prelazia é a dignidade ou o ofício do p[relado].»
      Por outro lado, não será hiperbólico escrever que o automóvel foi destruído? É que ontem o mesmíssimo Global trazia um artigo do Jornal de Notícias em que se podia ler a legenda à imagem do automóvel do padre: «Uma janela do Mercedes do pároco António Aires foi partida pelos agressores».        
      Em que ficamos?
      E o curso de Português básico para jornalistas do Instituto Camões, já começou?

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