12.2.08

Léxico: «dendrita»

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Do alto da coluna


«Tal forma de comportamento, residir no cimo de um monte escarpado, a estela, por isso se chamavam estilitas, ou empoleirados numa árvore, ditos dentritas, fascinava os místicos orientais» («São Máron», A Guarda, n.º 5118, 7.2.2008, p. 23). Uma frase, vários problemas. Ao anacoreta que vivia sobre um pórtico ou sobre uma coluna, como o celebérrimo São Simeão, o Estilita (memória litúrgica em 5 de Janeiro), dava-se o nome de estilita. Sobre uma coluna, não no cimo de um monte escarpado. O autor do texto deve ter confundido com a bruxa de monte Córdova. Ao anacoreta que vivia no cimo de uma árvore, uma variante da forma de ascetismo representada pelos estilitas, dava-se o nome de dendrita e não «dentrita», pois o étimo é o grego dendron, «árvore». O santo, finalmente e para estarmos de acordo sobre alguma coisa, para a Enciclopédia Católica Popular e para Fr. Pantaleão de Aveiro é «Maron», mas para José Manuel de Castro Pinto e para mim é «Máron».

«Tomarão este nome de maronitas, de hum seu mestre antigo, que se chamou Maron, são sogeytos á igreja romana, ao menos da era do senhor Jesu de 1476 na qual sendo summo pontifice na igreja de Deos Xisto IV o patriarca do Monte Líbano, pastor, & superior dos christãos maronitas, mandou embayxadores ao dito papa, dando-lhe obediencia, & pedindo-lhe tivesse por bem mandar-lhe quem os ensinasse, doutrinasse & instruísse na doutrina catholica da santa madre igreja romana» (Frei Pantaleão de Aveiro, Itinerario da Terra Sancta e suas particularidades; dirigido ao illustrissimo e reverendissimo senhor D. Miguel de Castro, dignissimo arcebispo de Lisboa metropolitana, 7.ª ed., organizada por António Baião, Coimbra, Tipografia da Universidade, 1927, p. 502).

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