Fiquem com esta
Depois de, no Fórum Novas Fronteiras, o primeiro-ministro ter usado a palavra «tremendismo», alguém tinha de vir explicar o seu sentido. Coube a vez a José Júdice, na sua coluna no Metro: «O primeiro-ministro, numa deambulação poética àquele rigor de linguagem próprio dos engenheiros, acusou os críticos do Governo de “tremendismo”. O vocábulo pode parecer novo no léxico dos insultos políticos nacionais e inusitado num homem com vasta experiência em pré-esforçados e resistência de materiais, mas tem um antigo registo de patente aqui ao lado em Espanha. Já em 1947 o filósofo castelhano Antonio de Zubiaurre reclamava para si a utilização pela primeira vez do vocábulo “tremendista”, nem “casual nem frívola”, explicava, uma vez que pretendia fundir num só conceito todos aqueles excessos que dantes exigiam um parágrafo inteiro de adjectivação. “Tremendismo”, assim, é simultânea e concomitantemente a expressão abrangente de tudo o que é abissal, horrível, espantoso, imenso, doloroso, explosivo, sideral, cósmico, com uns pós de “cruas ingerências anatómicas”, especificava Zubiaurre, como sangue, ossos, pele, veias, entranhas. Resumindo, dizia o filósofo, o tremendismo representa o “estalo, violentíssimo, do vulcão” («O tremendismo», José Júdice, Metro, 27.2.2008, p. 12).
Depois de, no Fórum Novas Fronteiras, o primeiro-ministro ter usado a palavra «tremendismo», alguém tinha de vir explicar o seu sentido. Coube a vez a José Júdice, na sua coluna no Metro: «O primeiro-ministro, numa deambulação poética àquele rigor de linguagem próprio dos engenheiros, acusou os críticos do Governo de “tremendismo”. O vocábulo pode parecer novo no léxico dos insultos políticos nacionais e inusitado num homem com vasta experiência em pré-esforçados e resistência de materiais, mas tem um antigo registo de patente aqui ao lado em Espanha. Já em 1947 o filósofo castelhano Antonio de Zubiaurre reclamava para si a utilização pela primeira vez do vocábulo “tremendista”, nem “casual nem frívola”, explicava, uma vez que pretendia fundir num só conceito todos aqueles excessos que dantes exigiam um parágrafo inteiro de adjectivação. “Tremendismo”, assim, é simultânea e concomitantemente a expressão abrangente de tudo o que é abissal, horrível, espantoso, imenso, doloroso, explosivo, sideral, cósmico, com uns pós de “cruas ingerências anatómicas”, especificava Zubiaurre, como sangue, ossos, pele, veias, entranhas. Resumindo, dizia o filósofo, o tremendismo representa o “estalo, violentíssimo, do vulcão” («O tremendismo», José Júdice, Metro, 27.2.2008, p. 12).
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