18.3.08

Léxico contrastivo: «Bagdá»

A terceira via

«Enquanto o pré-candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, o senador John McCain, chegou a Bagdá em uma visita surpresa, contagens finais de Iowa e Califórnia mostram que o senador pelo Estado de Illinois, Barack Obama, expandiu sua frágil vantagem sobre a rival e senadora pelo Estado de Nova York, Hillary Clinton, em número de delegados que determinarão quem irá receber a nomeação pelo lado democrata» («McCain faz visita surpresa a Bagdá», Jornal do Brasil, 17.3.2008, p. A21). A esmagadora maioria das vezes, preferimos, na escrita, a forma «Bagdad», mas como a pronunciamos? Na verdade, como se estivesse escrito «Bagdá», pois sabemos que uma consoante final pode ser muda, como é o caso — ou sabíamos, porque nos dias que correm a oralidade é completamente descurada no ensino da língua portuguesa. Contudo, talvez fosse de considerar esta terceira via*. Para as novas gerações, que começam agora a aprender a língua, seria a grafia mais lógica.

* Neste aspecto, nada mudará com o novo Acordo Ortográfico. De facto, lê-se no artigo 5.º da Base I: «As consoantes finais grafadas b, c, d, g, e t mantêm-se, quer sejam mudas quer proferidas nas formas onomásticas em que o uso as consagrou, nomeadamente antropónimos/antropônimos e topónimos/topônimos da tradição bíblica: Jacob, Job, Moab, Isaac, David, Gad; Gog, Magog; Bensabat, Josafat. Integram-se também nesta forma: Cid, em que o d é sempre pronunciado; Madrid e Valladolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e Calecut ou Calicut, em que o t se encontra nas mesmas condições. Nada impede, entretanto, que os antropó[ô]nimos em apreço sejam usados sem a consoante final Jó, Davi e Jacó.»

2 comentários:

Ricardo disse...

Viva, Helder,

Muito boa ideia, começar a contrastar as formas actuais com o que vai mudar com o acordo. É uma óptima forma de nos irmos habituando.

Helder Guégués disse...

Sim, porque parece que é mesmo o que nos resta, habituarmo-nos. Sem pressas.