21.3.08

Léxico contrastivo: «pidão»

Pides e pidões


      «Ágeis, travessos e com cara de pidões, os micos viraram febre na cidade. Basta estar próximo a um aglomerado de árvores que rapidamente é possível escutar os assobios dos primatas. Mas, apesar do jeitinho doce, que rouba sorrisos e afeto de crianças e adultos, os animais estão deixando especialistas da área preocupados. O Rio testemunha uma proliferação desses macaquinhos e o desequilíbrio ambiental já é uma realidade na cidade» («Micos, a diversão que está virando problema», Janaína Linhares, Jornal do Brasil, 21.3.2008, p. A15). Quanto a micos, deixei que os leitores percebessem o que é — mas pidões? Mais: «com cara de pidões»? Na rua dos meus pais morava um pide, um agente da PIDE. Por muito que me custe admiti-lo, não tinha uma cara patibular, antes uma cara aparvalhada. Dizia-se que, além do que se lhe pedia, uns tabefes, umas torturas, também tinha violado uma rapariga quando estava de serviço num posto fronteiriço. Teve de fugir no 25 de Abril, mas uns tempos depois já tinha um emprego. Um prémio pelo zelo. Mas sim, não me esqueço: pidão. É aquele que pede muito.

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