22.3.08

Léxico contrastivo: «dezembro»

Assim o provo

«O Distrito Federal entrou na disputa para sediar a II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Além de Brasília, Uberlândia também está na disputa. A cidade mineira foi visitada no começo do mês por membros da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que estudaram a acessibilidade e a capacidade da cidade de receber os participantes da conferência, que acontece em dezembro» («Brasília quer sediar encontro nacional», Jornal do Brasil, 21.3.2008, p. R3). Havia muito para dizer sobre este parágrafo, mas o pretexto é para falar da inicial minúscula no nome dos meses. Antecipando-se ao Acordo Ortográfico, que enquanto não entrar em vigor é somente eventual, alguma imprensa portuguesa, descuidada, laxista, já escreve o nome dos meses com minúscula inicial. E não se envergonham. Nem os revisores que lá estão a fingir que revêem. Pois, só com o novo Acordo Ortográfico é que isso vai ser legítimo. Estabelece a Base XIX, n.º 1, al. b): «[A letra minúscula inicial é usada] Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera».
Quanto a sediar. Prefiro, para significar «ter sede em», a forma «sediado», que importámos do Brasil. A letra i, não há que estranhá-la: é uma vogal de ligação. Independentemente de gostos e teorias, a imprensa vai preferindo também usar esta grafia. No CETEMPúblico, por exemplo, encontramos 2182 ocorrências de «sediado» (e a forma feminina, «sediada») e somente 68 de «sedeado» (e a forma feminina, «sedeada»).

«A iniciativa será extensível a Guimarães, o outro pólo da Universidade do Minho, sediada em Braga» («Universidade distribui bicicletas», Global, 18.1.2008, p. 3).

«Mas há ainda quem o conheça como “o Melim dos Automóveis Clássicos”, clube sediado na região» («O maior coleccionador de postais da Madeira», Lília Bernardes, Diário de Notícias/Gente, 12.1.2008, p. 8).

«Os serviços de mediação dependentes do Ministério da Justiça funcionam nos Julgados de Paz e em instalações cedidas pelos municípios. O IMAP está sediado em Lisboa, na Rua sidónio Pais, 20 r/c Esq.» («Como se pode recorrer aos serviços?», Isabel Stilwell, Destak, 20.2.2008, p. 4).

«A actividade dupla de Manuel (nome fictício), 41 anos, foi finalmente interrompida no passado sábado pela Directoria do Porto da Polícia Judiciária (PJ), no decurso de uma investigação após a ocorrência de um assalto a uma agência bancária, sediada em Picoto, Santa Maria da Feira» («Vendia artesanato e assaltava bancos», André Barbosa, Metro, 19.2.2008, p. 4).

«A Hovione, empresa química sediada em Loures, adquiriu 75% de uma fábrica chinesa do sector químico e farmacêutico com 181 trabalhadores» («Hovione compra indústria química na China», Global, 28.2.2008, p. 8).

«Católicos de rito oriental, os caldeus — cerca de 550 mil — constituem a principal comunidade cristã do país [Iraque] que, no total, tem 700 mil cristãos. É também uma das mais antigas igrejas cristãs. O seu principal líder espiritual é o Patriarca Emmanuel III, que está sediado em Bagdad» («Papa e EUA condenam morte do arcebispo caldeu de Mossul», Lumena Raposo, Diário de Notícias, 14.3.2008, p. 33).

«10 ME. Valor que a companhia sediada em Braga espera atingir com os negócios durante este ano» («Aeronorte compra dois aviões por 30 ME», Meia Hora, 18.3.2008, p. 9).


«Os resultados da BMW-Sauber — cujo outro piloto, Nick Heidfeld, partilha o segundo lugar do Mundial com Kimi Raikkonen, a três pontos de Hamilton — reabre a discussão sobre a possibilidade de a equipa sediada na Suíça se intrometer na luta entre Ferrari e McLaren» («O novo e magro Kubica sai da pole position, uma estreia do piloto polaco e da BMW», Hugo Daniel Sousa, Público, 6.4.2008, p. 32).

«Como explica Jim Weill, presidente do Food Research and Action Center, uma organização de combate à fome sediada em Washington, esta “avalanche” de pedidos de apoio alimentar explica-se pelo aumento do desemprego e crescente precariedade laboral, e ainda pela inflação dos preços dos combustíveis e do cabaz alimentar mais básico» («Americanos dependentes da ajuda alimentar à beira de recorde histórico», Rita Siza, Público, 6.4.2008, p. 42).

«E já vão três, em apenas uma semana. Depois da Ata Airlines e da Aloha Airlines (esta sediada no Havai), ontem foi a vez de a low-cost americana Skybus Airlines ter anunciado que iria terminar as suas operações. A culpa, dizem todas, é do aumento dos combustíveis» («Aumento dos combustíveis obriga a fecho de low-cost», Público, 6.4.2008, p. 43).


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