Costumes lassos
A capital do Tibete é Lhasa ou Lassa? E o que estabelece o novo Acordo Ortográfico sobre a matéria? Ambas as formas se podem encontrar na imprensa portuguesa. Dois exemplos: «Perante estas declarações, o primeiro-ministro chinês não só acusou o Nobel da Paz de potenciar os confrontos em Lhasa, como ainda referiu que o propósito seria “evitar a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim”» («Dalai Lama pode abdicar contra violência no Tibete», Margarida Caseiro, Meia Hora, 18.3.2008, p. 6). «Há quase duas décadas que Lassa, a capital do Tibete, não assistia a protestos com a dimensão dos verificados esta semana» («Protestos antichineses põem Lassa a ferro e fogo», Abel Coelho de Morais, Diário de Notícias, 15.3.2008, p. 15).
Por uma vez, a redacção é inteligente: «Recomenda-se que os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente» (artigo 6.º da Base I). Abre-se a porta não apenas à tradição (e nem toda a tradição, lembrem-se, é respeitável), mas à adaptação consensualmente aceite. Assim, a tradição pode começar todos os dias. Prefiro a grafia Lassa.
A capital do Tibete é Lhasa ou Lassa? E o que estabelece o novo Acordo Ortográfico sobre a matéria? Ambas as formas se podem encontrar na imprensa portuguesa. Dois exemplos: «Perante estas declarações, o primeiro-ministro chinês não só acusou o Nobel da Paz de potenciar os confrontos em Lhasa, como ainda referiu que o propósito seria “evitar a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim”» («Dalai Lama pode abdicar contra violência no Tibete», Margarida Caseiro, Meia Hora, 18.3.2008, p. 6). «Há quase duas décadas que Lassa, a capital do Tibete, não assistia a protestos com a dimensão dos verificados esta semana» («Protestos antichineses põem Lassa a ferro e fogo», Abel Coelho de Morais, Diário de Notícias, 15.3.2008, p. 15).
Por uma vez, a redacção é inteligente: «Recomenda-se que os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente» (artigo 6.º da Base I). Abre-se a porta não apenas à tradição (e nem toda a tradição, lembrem-se, é respeitável), mas à adaptação consensualmente aceite. Assim, a tradição pode começar todos os dias. Prefiro a grafia Lassa.
Actualização em 28.3.2008
No Jornal de Notícias grafa-se, respeitando a ortografia vigente, como está registada no Vocabulário da Língua Portuguesa de Rebelo Gonçalves, Lassa: «Os jornalistas estrangeiros escoltados pelo Governo chinês até Lassa descreveram a capital tibetana como uma cidade tensa, marcada pela violência e onde ainda cheira a fumo quase duas semanas depois dos primeiros protestos anti-China» («Duas semanas depois a capital do Tibete ainda cheira a fumo», Global/Jornal de Notícias, 28.3.2008, p. 11).
3 comentários:
Falando nisso, lembro-me que, quando ainda se noticiava a Guerra do Iraque, os jornalistas teimavam em escrever Bassorá, ou até - num anglicismo descabido - Basra.
Disponho, contudo, de um velho Atlas dos anos 80, onde o topónimo está grafado como Baçorá: saberia dizer-me se o problema é a ignorância dos jornalistas, ou se, pelo contrário, o geógrafo é que foi incompetente?
Preferência por preferência, tenho por principio utilizar os nomes originais de pessoas, lugares, etc.
Por isso mesmo e também porque acho que desperta (ou pode despertar) alguma curiosidade, deveria utilizar-se Lhasa.
A curiosidade do h, é isso?
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