19.3.08

«Cava»?

Cella vinaria, com dolia enterrados: http://www.culturacampania.rai.it/

Antes cova

Tirando a de Viriato, a veia, a que se faz com uma enxada e pouco mais, para que precisamos nós da palavra «cava»? Para nada, parece-me. Fora disto, é como espanholismo que a usamos. «Portugal consumiu, em 2005, 800 mil garrafas de cava, o vinho espumante produzido, principalmente na região espanhola da Catalunha, o que representa um crescimento de 35 % face ao ano anterior» («Um espumante que quer ser conhecido», José Manuel Oliveira, Diário de Notícias, 10.6.2006). Isto para dizer que underground cold-store se traduz por «cave» e não por «cava». O espanhol cava vem do latim cava, «cova», «fossa», e, para aquilo que aqui interessa, é, «en palacio, dependencia donde se cuidaba del agua y del vino que bebían las personas reales». Macacos me mordam se isso não é uma adega ou cave. Tanto mais que esse underground cold-store não serve para armazenar vinho, mas outras provisões. Já a 1.ª edição do Dicionário da Academia Francesa, de 1694, definia assim o vocábulo «cave»: «Lieu creux & soûterrain pour mettre du vin & autres provisions.» Para armazenar vinho, era a cella vinaria ou cauea vinaria dos Romanos.

1 comentário:

Ricardo disse...

Conheço outro uso de "cava". Em algumas teorias linguísticas recentes (por exemplo, o chamado "modelo auto-segmental"), chama-se "cava", por oposição a "pico", à sílaba que não pode ter acento (se a memória não me falha...). Penso que em inglês também se diz "cave", mas não posso agora confirmar.