Áreas de Broca e Wernicke
Na sequência do texto «O que é isso de imagens mentais?», publicado na edição de 14 de Março do Público, o filósofo Fernando Belo volta a publicar outro texto à volta do mesmo tema. Pela sua importância, transcrevo um parágrafo deste último: «Também outras disciplinas podem ser úteis ao neurologista. O melhor exemplo creio ser o do linguista Maurice Gross, Méthodes en Syntaxe (1975), que unificou sintaxe e semântica, no que creio ser a maior descoberta linguística da segunda metade do século XX. Ele analisa 3000 verbos franceses, através da maneira como, na frase, regem sujeito e complementos directo e circunstanciais (preposições, etc.). Ou seja, as regras que estruturam as frases variam consoante os verbos. Ora, o que é fabuloso é que qualquer de nós as use espontânea e muito rapidamente sem pensar nelas. A fazer fé numa alusão breve de Jean-Pierre Changeux, O Homem Neuronal (pp. 153-4, da ed. francesa), são essas regras que se perdem quando há uma lesão da área de Broca, o paciente falando dificilmente apenas com substantivos, adjectivos e verbos no infinitivo. Por outro lado, se for a área de Wernicke a atingida, as regras da frase fazem-se bem, só nomes e verbos é que não jogam uns com os outros, as frases não têm sentido. Hipótese minha: uma das áreas ser a da sintaxe e a outra a da semântica. Não saberei é dizer que colaboração entre neurologistas da fala e linguistas deve haver» («Também a “ideia mental” é uma ficção filosófica», Fernando Belo, Público, 18.4.2008, p. 51).
Na sequência do texto «O que é isso de imagens mentais?», publicado na edição de 14 de Março do Público, o filósofo Fernando Belo volta a publicar outro texto à volta do mesmo tema. Pela sua importância, transcrevo um parágrafo deste último: «Também outras disciplinas podem ser úteis ao neurologista. O melhor exemplo creio ser o do linguista Maurice Gross, Méthodes en Syntaxe (1975), que unificou sintaxe e semântica, no que creio ser a maior descoberta linguística da segunda metade do século XX. Ele analisa 3000 verbos franceses, através da maneira como, na frase, regem sujeito e complementos directo e circunstanciais (preposições, etc.). Ou seja, as regras que estruturam as frases variam consoante os verbos. Ora, o que é fabuloso é que qualquer de nós as use espontânea e muito rapidamente sem pensar nelas. A fazer fé numa alusão breve de Jean-Pierre Changeux, O Homem Neuronal (pp. 153-4, da ed. francesa), são essas regras que se perdem quando há uma lesão da área de Broca, o paciente falando dificilmente apenas com substantivos, adjectivos e verbos no infinitivo. Por outro lado, se for a área de Wernicke a atingida, as regras da frase fazem-se bem, só nomes e verbos é que não jogam uns com os outros, as frases não têm sentido. Hipótese minha: uma das áreas ser a da sintaxe e a outra a da semântica. Não saberei é dizer que colaboração entre neurologistas da fala e linguistas deve haver» («Também a “ideia mental” é uma ficção filosófica», Fernando Belo, Público, 18.4.2008, p. 51).
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