2.4.08

Traduzir do espanhol

Ilusões

      «Doña Letizia terminou o seu discurso recordando que o príncipe Filipe também aprecia e valoriza a tarefa das mulheres empreendedoras e manifestou, por último, a sua admiração, respeito e apoio pelo esforço e ilusão que estas empresas têm pela frente em cada dia no sentido e contribuírem para o bem-estar económico e social de todos» («Letícia fala catalão em acto oficial», Diário de Notícias, 28.3.2008, p. 55).
      Dá muito jeito poder ir variando ao longo do texto, designando-a ora por «princesa das Astúrias», ora «princesa das Astúrias e Girona», ora «Letícia». Já não me parece bem é variar o próprio nome: Letizia. Pior: doña Letizia. A frase, de qualquer maneira, não é um primor. Aquela «ilusão», por exemplo. Não pretende ser a tradução da «ilusión» espanhola? Então, é uma ilusão pensar-se que está bem traduzido.
      Duas semanas antes desta notícia, tinha lido no Diário de Notícias o seguinte: «Ainda num tom ibérico vemos Sócrates a saudar telefonicamente — e em portonhol — a vitória do seu amigo José Luis Zapatero para um segundo mandato à frente de Espanha» («Sócrates, um homem banal preocupado com a maioria», Eva Cabral, Diário de Notícias, 14.3.2008, p. 20). Mas claro que se escreve «portunhol» — a língua, ou mescla de línguas, que o linguista norte-americano Steven Fischer prevê que se fale no Brasil dentro de 300 anos — e não precisa de ser grafado em itálico.

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