27.5.08

«Morrer de repente»

Assim, de repente…

«Escreveu sobre tudo isto e ponderava viver em Portugal quando morreu de repente, de uma queda de bicicleta, na Suíça, durante a II Guerra Mundial. Annemarie Schwarzenbach tinha apenas 34 anos» («Annemarie Schwarzenbach, a viajante sem fim», Alexandra Lucas Coelho, Público/P2, 23.5.2008, pp. 4-6). Quando lemos «morreu de repente», não estamos à espera que se siga outra coisa que não uma explicação como, por exemplo, de que foi de ataque cardíaco, ou nada. «Morrer de repente» é o equivalente de «morte súbita»? É que a definição de «morte súbita», que é uma expressão técnica, é «risco que consiste na morte resultante de um colapso cardiovascular da máxima gravidade, decorrente de uma crise funcional irreversível do coração provocada pela sua paragem» (cf. Lextec-Léxico Técnico do Português). O exemplo, embora faça parte da área veterinária, é elucidativo e aplicável: «O seguro pecuário cobre obrigatoriamente os riscos de morte por doença ou acidente, morte súbita e abate de urgência.» Logo, Annemarie Schwarzenbach morreu de acidente, não se tratou de morte súbita. Ainda que tenha morrido no próprio local e, supõe-se, no próprio instante. Podia, isso sim, ter sofrido morte súbita quando andava de bicicleta, em cujo caso a morte não teria sido por causa da queda, antes o contrário.

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