O pirilampo mágico
Foi notícia em vários jornais a descoberta em Portugal de uma espécie de pirilampo até agora apenas conhecida em Espanha e França. O Global refere assim o caso: «A identificação deste [sic] espécie — Lamprohiza mulsanti Kieserwetter — foi feita a partir de “exemplares colhidos por um grupo de entomólogos no Parque Biológico de Gaia e noutras localidades do Norte de Portugal”, refere o parque» («Descoberta nova espécie de pirilampo», Global, 9.6.2008, p. 6). Não é nova, aqui no Assim Mesmo, a questão dos nomes científicos de animais e plantas, e sempre por maus motivos. Dois problemas, pelo menos: onde está o itálico a destacar a designação científica? Aquele último nome o que é?
Foi notícia em vários jornais a descoberta em Portugal de uma espécie de pirilampo até agora apenas conhecida em Espanha e França. O Global refere assim o caso: «A identificação deste [sic] espécie — Lamprohiza mulsanti Kieserwetter — foi feita a partir de “exemplares colhidos por um grupo de entomólogos no Parque Biológico de Gaia e noutras localidades do Norte de Portugal”, refere o parque» («Descoberta nova espécie de pirilampo», Global, 9.6.2008, p. 6). Não é nova, aqui no Assim Mesmo, a questão dos nomes científicos de animais e plantas, e sempre por maus motivos. Dois problemas, pelo menos: onde está o itálico a destacar a designação científica? Aquele último nome o que é?
Os primeiros nomes estão bem: porque são dois (o sistema de Lineu é binominal) e porque o primeiro começa com inicial maiúscula e o segundo com inicial minúscula. Muito bem, tanto mais que alguns jornalistas erram logo aqui. Temos então o nome do género (Lamprohiza) e o da espécie (mulsanti). E, repito, o terceiro o que é? Parece ser o nome de quem identificou. Se é, temos um problema, pois a notícia continua: «Esta espécie foi primeiramente classificada em 1850, por Ernest August Hellmuth von Kiesenwetter, um entomologista alemão cujas colecções encontram-se [sic] no Museu de História natural de Munique e no Staatliches Museum fur Tierkunde, em Dresden.» Kieserwetter ou Kiesenwetter, quem decide? Eu ajudo: Ernest August Hellmuth von Kiesenwetter (1820-1880), entomólogo alemão. Então, se o nome está tal qual (esqueçamos agora a gralha), não pode estar junto do género e da espécie. Se a designação do animal contivesse uma homenagem a Kiesenwetter, este nome tinha de sofrer uma transformação, porque, lembrem-se, a classificação é em latim. Assim, seria Lamprohiza mulsanti kieserwetteri. São muito perspicazes: o nome seria grafado com minúscula inicial e acrescentar-se-ia um i, porque é um homem. Se fosse uma mulher, acrescentar-se-ia æ: Lamprohiza mulsanti kieserwetteræ. Em trabalhos científicos, não num jornal, depois da classificação refere-se o nome de quem o descreveu pela primeira vez e a data entre parênteses: Lamprohiza mulsanti (Kiesenwetter, 1850).
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