10.6.08

Erros e lapsos

É o nosso fado

«Hoje eu tenho que sublinhar, acima de tudo, a raça, o Dia da Raça, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.»

Quando, há umas semanas, vários leitores me enviaram mensagens incitando-me a dizer alguma coisa sobre o lapsus linguæ de Cavaco Silva («nunca fiz, não faço nem nunca facerei»), não cedi, pois que se tratava disso mesmo, de um lapso de linguagem, que todos temos, ou não? Tanto mais que, ao que sei, o Presidente da República corrigiu de imediato a forma verbal. Com o «Dia da Raça», algo mais grave está em causa, e que é não se poder considerar um lapso, antes uma convicção pessoal. Convicção errada: não apenas essa designação é datada, do tempo do Estado Novo, como está cientificamente errada. Como afirmo tantas vezes em relação aos jornais, às televisões e às agências de comunicação, o Presidente da República devia ter a assessoria de um revisor. Uma fadista pode fazer falta na comitiva presidencial, mas não é o mesmo.

5 comentários:

Anónimo disse...

Uma coisa é a "raça" em sentido estrito que remete para as teorias eugenistas. Outra coisa é a "raça" em sentido lato como sinónimo de fibra, determinação, tenacidade. Penso que era esta última aquela a que o PR se queria referir.

Helder Guégués disse...

Isso é porque o leitor é muito generoso...

Helena Velho disse...

o comentário anónimo é hilariante ...

Helder Guégués disse...

Só o publiquei (há muito que deixei de ser democrata aqui no blogue), porque parece uma piada e dá uma imagem de como são alguns portugueses. Claro que ser anónimo é, paradoxalmente, muito revelador.

Unknown disse...

Raça até pode ser sinónimo de determinação e tenacidade, como refere o Sr. Anónimo, mas, no caso em debate, o Presidente da República (PR) tinha a obrigação de saber que a conotação fascista da palavra é aterradora! Fê-lo porquê? Será que acredita nesses valores? Temo que sim e concordo com a necessidade do PR ter assessoria linguística. Já!