9.7.08

G-8 ou G8?

Ideologias

Num texto publicado ontem, Ricardo Nobre dizia no seu blogue que, perante a sigla G8, na comunicação social portuguesa se faz indiferentemente a concordância verbal no plural ou no singular, o que condena, pois «sendo um grupo (ou seja, um substantivo colectivo), na gramática portuguesa, os adjectivos e verbos que concordam com o substantivo vão para o singular (como acontece com turma, molhe, cáfila, manada, e outros nomes), e não para o plural (como se ouve e lê na comunicação social portuguesa)».
Podemos estar, todavia, perante um caso de concordância semântica e não morfossintáctica, o que se designa por silepse ou concordância ideológica, que não ocorre apenas em textos literários. Assim, ao fazerem a concordância, os jornalistas poderão estar a pensar no vocábulo subentendido «países»: «O[s países do] G8 (Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia) estão reunidos numa localidade termal de Tokayo, nas montanhas do Norte do Japão, desde segunda-feira.»
Como revisor, outra coisa me faz espécie: é o uso indiferente no mesmo texto das siglas G-8 e G8. «O primeiro dia da cimeira que até amanhã reúne os líderes do grupo dos sete países mais industrializados do Mundo e a Rússia (G8), na estância japonesa de Tokayo, foi dominado pela definição dos desafios da comunidade internacional para combater a escassez de alimentos nos países pobres, bem como pela condenação, reafirmada sobretudo pelos representantes da União Europeia — ao Presidente do Zimbabué e à violência que o país africano atravessa sob o seu regime. […] Na sua intervenção, o secretário-geral da ONU defendeu que o G-8 tem “desafios interligados”» («África em debate no início da cimeira», Margarida Caseiro, Meia Hora, 8.7.2008, p. 6). Ora, a forma G-8 não faz qualquer sentido, pois se desdobrarmos a sigla, Group of Eight ou Grupo dos Oito, não vemos nenhum hífen. Donde vem o inútil tracinho, não querem explicar-me?

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