28.9.08

«Glamouroso»?

Enganos

      «Para os moradores de Suruí, o passado glamouroso da sua vizinha não passava de fantasia» («Namorada brasileira de McCain», Helena Tecedeiro, Diário de Notícias/DN Gente, 27.09.2008, p. 16).
      A jornalista havia de experimentar dar a ler a palavra a uma criança ou mesmo a uma qualquer pessoa. Sim, saia à rua, ponha-se com um cartão com a palavra nele inscrita à boca do metro ali no Marquês de Pombal. Depois de comprovar que poucas a sabiam ler, decerto que usaria outra — portuguesa e afeiçoada ao nosso modo de dizer.
      Interessante, é verdade, é a etimologia e a semântica do termo: foram os Escoceses, ao que consta, que cunharam o vocábulo glamour a partir do inglês grammar, o que decorreu da associação popular da erudição com práticas ocultas. (Ver aqui o que escrevi sobre o vocábulo «grimório».) Nós é que não nos devemos deixar embair: temos vocábulos correspondentes em português, basta usá-los.

2 comentários:

Anónimo disse...

Cabe referir que os espanhóis não tardaram a incluir esta palavra na sua língua; tanto «glamour» como «glamouroso» ou «glamuroso» aparecem no "Diccionario de la Real Academia Española".
Mudando de assunto, ontem no semanário "Sol" (página 6) podia ler-se: «Cavaco Silva defendeu na Assembleia-Geral das Nações Unidas o reconhecimento do Português como Língua Oficial da organização e a candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança da ONU como membro não permanente. Mais do que o peso do país na história mundial, Cavaco fundou a candidatura portuguesa no contributo de Portugal para a paz e no papel desempenhado pelos portugueses na prossecução dos mais nobres objectivos da ONU, citando particularmente os casos de António Guterres como Alto Comissário para os Refugiados e de Jorge Sampaio na Aliança das Civilizações.» Terá usado o jornalista (Mário Ramires) o tempo verbal «fundou» com o significado de «baseou», ou pretendia dizer «fundamentou»? Inclino-me para a segunda possibilidade.

Fernando Ferreira

Helder Guégués disse...

Caro Fernando Ferreira
Talvez mais do que uma acepção do verbo fundar se adeqúe ao contexto, mas, na verdade, os verbos que indica — basear e fundamentar — são, por mais conhecidos, mais imediatamente compreensíveis. Vejo que a locução assembleia geral está a ganhar um hífen de que não precisa.
Cordialmente,
Helder Guégués