Ora vejamos
Que influência tem a expressão enfática «é que» na posição dos pronomes clíticos? Um consulente do Ciberdúvidas, Orlando Vedor, que também se me dirigiu, quis saber se é correcto fazer a ênclise (ou seja, pospor o pronome átono à forma verbal) na seguinte frase: «Mas talvez saibas (é da tua área, em sentido lato) porquê essa mistura de fiambre e presunto. É que trata-se do mesmo produto, só em duas modalidades: a cozida e a defumada.»
O consultor, depois de uma divagação e usando de analogia, foi claro: «Neste caso, o pronome átono (ou clítico) fica em posição enclítica, isto é, segue-se ao predicado da oração que começa por “é que”.»
Analogia por analogia, vejamos então com outra frase. A Ana fez o jantar, mas a empregada comeu-o. Está certa, não é? E se introduzirmos a expressão enfática «é que», como fica? «A Ana fez o jantar, mas a empregada é que o comeu» ou «A Ana fez o jantar, mas a empregada é que comeu-o»?
A frase não é minha, mas de Lígia Arruda, na página 102 da Gramática de Português para Estrangeiros, publicada pela Porto Editora, e já aqui recomendada neste blogue. A autora dá-a como exemplo de oração em que ocorre próclise. Assim, esta expressão enfática é, pela presença de «que», sempre proclisadora ou dependerá da natureza do verbo? Em ambas as orações, repare-se, o verbo está flexionado.
Que influência tem a expressão enfática «é que» na posição dos pronomes clíticos? Um consulente do Ciberdúvidas, Orlando Vedor, que também se me dirigiu, quis saber se é correcto fazer a ênclise (ou seja, pospor o pronome átono à forma verbal) na seguinte frase: «Mas talvez saibas (é da tua área, em sentido lato) porquê essa mistura de fiambre e presunto. É que trata-se do mesmo produto, só em duas modalidades: a cozida e a defumada.»
O consultor, depois de uma divagação e usando de analogia, foi claro: «Neste caso, o pronome átono (ou clítico) fica em posição enclítica, isto é, segue-se ao predicado da oração que começa por “é que”.»
Analogia por analogia, vejamos então com outra frase. A Ana fez o jantar, mas a empregada comeu-o. Está certa, não é? E se introduzirmos a expressão enfática «é que», como fica? «A Ana fez o jantar, mas a empregada é que o comeu» ou «A Ana fez o jantar, mas a empregada é que comeu-o»?
A frase não é minha, mas de Lígia Arruda, na página 102 da Gramática de Português para Estrangeiros, publicada pela Porto Editora, e já aqui recomendada neste blogue. A autora dá-a como exemplo de oração em que ocorre próclise. Assim, esta expressão enfática é, pela presença de «que», sempre proclisadora ou dependerá da natureza do verbo? Em ambas as orações, repare-se, o verbo está flexionado.
3 comentários:
Prezado Helder,
A respeito de clíticos, nosso Monteiro Lobato,que abominava a 'gramatiquice' e 'intrigalhada toda dos pronomes que vêm antes ou depois', escreveu um admirável conto, "O Colocador de Pronomes", no qual o heroi, Aldrovando Cantagalo, filho de um erro de pronome mal colocado por seu pai, morreu por causa de um clítico ('que sabe-me'). Vale a pena lê-lo; o Google mostra o caminho.
Cordialmente,
Paulo Araujo.
Obrigado pelo seu contributo, caro Paulo Araujo.
A diferença está na posição do sujeito da frase. Na estrutura "é que + sujeito + predicado" há ênclise. Na estrutura "sujeito + é que + predicado", há próclise.
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