Por atacado
Já aqui lamentei o uso desatinado que se faz do verbo colocar. Quando trabalhava no jornal, boa parte do meu trabalho era demolir essas construções. Lá, os jornalistas colocavam o dedo no nariz, colocavam o dedo na ferida, colocavam achas na fogueira, colocavam à margem, colocavam à bulha, colocavam a colher, colocavam a mão na massa, colocavam ao léu, colocavam as cartas na mesa, colocavam as mãos no fogo, colocavam ao corrente, e por aí fora. Há dias, o rapazinho do Panda Cozinha fartou-se de «colocar ovos» na quiche que estava a fazer. Pôr e meter já pouco metem o bedelho na moderna escrita jornalística.
Já aqui lamentei o uso desatinado que se faz do verbo colocar. Quando trabalhava no jornal, boa parte do meu trabalho era demolir essas construções. Lá, os jornalistas colocavam o dedo no nariz, colocavam o dedo na ferida, colocavam achas na fogueira, colocavam à margem, colocavam à bulha, colocavam a colher, colocavam a mão na massa, colocavam ao léu, colocavam as cartas na mesa, colocavam as mãos no fogo, colocavam ao corrente, e por aí fora. Há dias, o rapazinho do Panda Cozinha fartou-se de «colocar ovos» na quiche que estava a fazer. Pôr e meter já pouco metem o bedelho na moderna escrita jornalística.
4 comentários:
Tem toda a razão. É uma moda parola e uma praga nefanda, que infelizmente não grassa só entre os jornalistas (um dos seus alvos de estimação, a par dos tradutores, em ambos os casos num lamentável exercício de generalização). De facto, o verbo pôr parece ter caído em desuso (mais do que o verbo meter, também ele vítima de alguns tratos de polé, nomeadamente entre os falantes mais jovens.) São sinais de uns tempos em que já nada se contrata, tudo se contratualiza, nada se recebe, tudo se recepciona, nada é esperável, previsível, provável, tudo é expectável!
Caro Francisco Agarez
Não generalizo, falo do que conheço. Nunca deixo de dizer que são alguns, parte deles ou a generalidade, conforme do que se trate. Se preferir, e se preferirem todos os que já me dirigiram a mesma crítica, é a minha forma de dizer as coisas. O que verdadeiramente interessa, e suponho que é por isso que muita gente me continua a ler, é a substância das coisas.
Caro Helder Guégués
"(...) Lá, os jornalistas (...)", lê-se na sua mensagem a que eu me referi. Se isto não é generalizar, não sei o que seja!
Sim, lá, os que o fazem. Mas isto, repito, é o menos importante, ou não é?
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