Vejamos
Um amigo telefonou ontem para me perguntar se já tinha visto o cartaz da Expolíngua 2009. Que sim, e?... «Eh, pá, tu sabes: como se chamam aquelas golas?» Bem, é uma gola de folhos. «Mas tem outro nome.» Acho que também tem a designação, salvo erro, de mantéu. «Mantéu? Mantéu? Mas isso não é um traje folclórico dos Açores?» Fiquei de confirmar.
De facto, mantéu ou mantéo (do latim mantelum), como regista o Dicionário de Morais, é a «peça de adornar o pescoço, de várias feições, enrocado, desfiado, de abanos, à Balona, etc.». E acrescenta que nos «retratos antigos até o d’el-rei D. Sebastião se vêem os taes mantéus». Enrocado quer dizer pregueado, e Morais no verbete «enrocar» esclarece: «Fazer pregas, que se usavam antigamente nos mantéus, ou voltas do pescoço.» A referência a D. Sebastião (1554-1578) é crucial. No retrato de D. Sebastião atribuído a Cristóvão de Morais e patente no Museu Nacional de Arte Antiga o rei é representado com um mantéu. Também a sua contemporânea Isabel I (1533-1603) é representada com um mantéu (ruffle lace collar, em inglês), pois era uma peça de vestuário quinhentista usada por ambos os sexos. O desta rainha teria cerca de 60 centímetros de diâmetro, para o que seriam necessários à volta de 16 metros de tecido fino. Assim, a definição de «mantéu» — «colarinho largo com abas pendentes» — que encontramos no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora está errada. E mais: este dicionário não regista todas as acepções do vocábulo, pois falta, por exemplo, a de traje académico coimbrão, o mantéu talar, que era usado com ou sem capelo.
Fernando Campos, na obra A Casa do Pó, retrata Camões de «gola de folhos, colete de fendas avelutadas, coçado, capa pendente do ombro, calções tufados pela coxa, a meia torneando a perna até morrer nos borzeguins de couro». Na imagem do cartaz da Expolíngua, só temos o mantéu de papel, que o tecido é caro e a goma não a sabem fazer, e a fazer de colete uma blusa bordada fabricada na China. Alguém emprestou a pala. A parede parece ser a do Palacete Seixas, na Avenida da Liberdade, sede do Instituto Camões.
Um amigo telefonou ontem para me perguntar se já tinha visto o cartaz da Expolíngua 2009. Que sim, e?... «Eh, pá, tu sabes: como se chamam aquelas golas?» Bem, é uma gola de folhos. «Mas tem outro nome.» Acho que também tem a designação, salvo erro, de mantéu. «Mantéu? Mantéu? Mas isso não é um traje folclórico dos Açores?» Fiquei de confirmar.
De facto, mantéu ou mantéo (do latim mantelum), como regista o Dicionário de Morais, é a «peça de adornar o pescoço, de várias feições, enrocado, desfiado, de abanos, à Balona, etc.». E acrescenta que nos «retratos antigos até o d’el-rei D. Sebastião se vêem os taes mantéus». Enrocado quer dizer pregueado, e Morais no verbete «enrocar» esclarece: «Fazer pregas, que se usavam antigamente nos mantéus, ou voltas do pescoço.» A referência a D. Sebastião (1554-1578) é crucial. No retrato de D. Sebastião atribuído a Cristóvão de Morais e patente no Museu Nacional de Arte Antiga o rei é representado com um mantéu. Também a sua contemporânea Isabel I (1533-1603) é representada com um mantéu (ruffle lace collar, em inglês), pois era uma peça de vestuário quinhentista usada por ambos os sexos. O desta rainha teria cerca de 60 centímetros de diâmetro, para o que seriam necessários à volta de 16 metros de tecido fino. Assim, a definição de «mantéu» — «colarinho largo com abas pendentes» — que encontramos no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora está errada. E mais: este dicionário não regista todas as acepções do vocábulo, pois falta, por exemplo, a de traje académico coimbrão, o mantéu talar, que era usado com ou sem capelo.
Fernando Campos, na obra A Casa do Pó, retrata Camões de «gola de folhos, colete de fendas avelutadas, coçado, capa pendente do ombro, calções tufados pela coxa, a meia torneando a perna até morrer nos borzeguins de couro». Na imagem do cartaz da Expolíngua, só temos o mantéu de papel, que o tecido é caro e a goma não a sabem fazer, e a fazer de colete uma blusa bordada fabricada na China. Alguém emprestou a pala. A parede parece ser a do Palacete Seixas, na Avenida da Liberdade, sede do Instituto Camões.
1 comentário:
Estou fazendo uma campanha de doações para criar uma minibiblioteca comunitaria na minha comunidade carente aqui no Rio de Janeiro,preciso da ajuda de todos.Doações no Banco do Brasil agencia 3082-1 conta 9.799-3 Que DEUS abençõe todos nos.Meu e-mail asilvareis10@gmail.com
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