6.3.09

Pontuação

Uma subtil metafísica


      Em dois números, 63 e 65, ambos de 1838, de O Panorama, o «jornal litterario e instructivo da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis», Alexandre Herculano abordou a pontuação em português. No primeiro texto, lembrou que os Antigos pontuavam de outra maneira. «Serviam-se tão sómente de um ponto nos manuscriptos : e segundo este era collocado ao alto, no meio, ou abaixo da linha , significava um sentido começado , continuado , ou acabado.» E acaba o texto afirmando: «Quanto ás regras de pontuação, deduzidas dos principios ideologicos , e da grammatica geral , ainda se póde dizer que não estão assentadas ; e por ventura nunca se assentarão. Parece-nos que ainda se não mostrou a verdadeira causa disto ; a não ser a difficuldade que nasce das variadas maneiras porque as phrases e as palavras podem ser collocadas.»
      Passaram 171 anos e, como vêem, nem a pontuação nem a ortografia nos causam grandes engulhos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não pude deixar de reparar, na última frase, no uso do «porque» em vez do «por que» que usamos hoje. Poderia o Helder precisar a partir de que data é que se deu esta alteração?
Muito obrigado,

Fernando Ferreira

Helder Guégués disse...

Caro Fernando Ferreira
Não lhe sei dizer. O que sei é que já vi em autores contemporâneos de Herculano por que, pelo que até pode ser um lapso.