13.4.09

Abuso de estrangeirismos


Mostras de cosmopolitismo

Cake Parade, em Portalegre? Deve ser para competir com as Gay Parades por esse mundo fora. Só pergunto se não arranjavam um nome português para esta iniciativa, uma mostra de arte pública, integrada na IX Feira da Doçaria Conventual de Portalegre, a decorrer no Mosteiro de S. Bernardo, em Portalegre, de 24 a 26 de Abril. Calma, não se abespinhem! É verdade: já me esquecia de algo mais parecido e igualmente digno: a Cow Parade. Os organizadores, próvidos e cosmopolitas, devem ter pensado que seria menos artístico ter um nome português e, sobretudo, que nem toda a gente perceberia se estivesse escrito nesta língua assaz obscura.

4 comentários:

Anónimo disse...

«Doce desfile», servia perfeitamente, não?
Ou «Parada de bolos»... embora pudesse ser lido como «parada de tolos»!

Anónimo disse...

São observações como esta, de apelidar de ABUSO, o nome que foi dado a este evento de arte, que demonstram o quão pequena e mesquinha é a mente de muitos de nós.
E porque não CAKE PARADE? Será que a língua portuguesa sai beliscada com a atribuição de tal título à iniciativa? Não me parece. Ainda para mais quando se trata de algo com carácter artístico, e cuja divulgação está a ser devidamente feita, graças a uma boa estratégia de MARKETING!
Marketing? mas afinal o que é isso?! Não sei! vivo neste pequeno país à beira mar plantado, onde não há guerras, onde todos somos felizes, onde as mulheres têm buço e os homens cospem para o chão, mas tass bem! Eu não quero ser apelidado de OPEN MIND, meu querido Portugalinho!
Ah é verdade, esqueci-me de dizer que sou um dos artistas participantes no "desfile de bolos".
Procurem-me entre os bolos. Vou lá estar!
Já agora, e para terminar, pedia a quem de direito, que deixasse este meu despretensioso texto passar na censura, pois só assim nascerá o diálogo - da divergência de ideias.

Helder Guégués disse...

Em suma, na sua opinião, porque é uma iniciativa de cariz artístico, fica-lhe bem o chamadoiro inglês. Será para restituir o elitismo à arte? Torna as obras mais artísticas? Aproxima-as da compreensão do público?

Anónimo disse...

Penso que a arte não deve ter carácter elitista, antes pelo contrário; deve ser de livre acesso a todos, pois desta forma está-se a contribuir para o enriquecimento cultural e artístico do Ser Humano.
O facto de ter sido atribuído um nome em inglês ao evento não lhe trará certamente uma maior compreensão por parte do público, até porque a obra deve valer por ela mesmo, sem artifícios nem molduras mais ou menos rebuscadas que mascarem a própria obra. O mesmo se passa quanto à explicação do significado dessa mesma obra, por parte do seu criador em relação ao seu público. A eventual explicação da intenção do artista, ao criar determinada obra, poderá cortar a possibilidade de múltiplas interpretações e consequentemente inúmeras reinvenções/criações, por parte do público. Dever-se-á portanto deixar que a capacidade criativa do espectador flua, sem interferências com explicações. Entrando-se assim na teoria da Obra Aberta, iniciada nos anos 70, cuja filosofia nos diz que a obra não morre na altura em que o seu autor a dá por concluida. A obra reinventa-se, é recriada por cada um de nós, contribuindo para o vasto leque de interpretações, os aspectos culturais, vivenciais, ou até mesmo o estado de espírito do momento em que interpretamos essa obra.
E tudo isto para dizer que em inglês, em português, ou num outro idioma ainda por inventar, a essência da arte está na própria obra e não nos artifícios linguísticos.