Mas então?...
«Fonte próxima do processo disse ao DN que o ponteiro do conta-quilómetros estava partido, devido à violência da colisão, admitindo as autoridades que o carro circulasse a uma velocidade perto dos 240, o que ajuda a explicar que a viatura entrasse desgovernada na berma da estrada onde andou ao longo de cem metros e se tivesse partido ao meio, antes de se incendiar, ficando irreconhecível» («Condutor ia a 220 km/hora mas não tinha álcool», Robert Dores, Diário de Notícias, 6.01.2009, p. 21). Não é raro os falantes confundirem conta-quilómetros com celerímetro, mas lamentável que um jornalista o faça. Isto pensava eu, até ter lido no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «Conta-quilómetros nome masculino 2 números aparelho que indica a velocidade e o número de quilómetros percorridos por um veículo (De contar+quilómetro).» Mas afinal o instrumento que serve para determinar a velocidade de um veículo não é o celerímetro (speedometer em inglês)? Não se tratará de mais uma cedência dos dicionaristas aos erros do senso comum?
«Fonte próxima do processo disse ao DN que o ponteiro do conta-quilómetros estava partido, devido à violência da colisão, admitindo as autoridades que o carro circulasse a uma velocidade perto dos 240, o que ajuda a explicar que a viatura entrasse desgovernada na berma da estrada onde andou ao longo de cem metros e se tivesse partido ao meio, antes de se incendiar, ficando irreconhecível» («Condutor ia a 220 km/hora mas não tinha álcool», Robert Dores, Diário de Notícias, 6.01.2009, p. 21). Não é raro os falantes confundirem conta-quilómetros com celerímetro, mas lamentável que um jornalista o faça. Isto pensava eu, até ter lido no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «Conta-quilómetros nome masculino 2 números aparelho que indica a velocidade e o número de quilómetros percorridos por um veículo (De contar+quilómetro).» Mas afinal o instrumento que serve para determinar a velocidade de um veículo não é o celerímetro (speedometer em inglês)? Não se tratará de mais uma cedência dos dicionaristas aos erros do senso comum?
6 comentários:
Outra designação (menos usada) para «conta-quilómetros» é «odómetro».
E outra para «celerímetro» é «velocímetro».
Mas há, efectivamente, muita confusão no uso destas designações: o Priberam, por exemplo, define «celerímetro» como «instrumento que determina a extensão percorrida»!
Fernando Ferreira
Parece então que temos um problema terminológico.
Parece-me que é apenas a velha questão de não podermos fiar-nos cegamente nos dicionários.
Sem sombra de dúvida, tecnicamente, a medição (contagem) de distâncias é uma acção que trata de grandezas lineares, mas a medição de distâncias percorridas em determinado tempo unitário trata de derivadas vectoriais (i. é, dependem do sentido do movimento) das distâncias percorridas em relação ao tempo gasto.
Assim, CONTA-QUILÓMETROS, HODÓMETRO (melhor, porque do grego «hodos», caminho) ou ODÓMETRO é a medição de distâncias percorridas (expressa em quilómetros no primeiro caso ou em quaisquer outras unidades coerentes nos dois últimos);
VELOCÍMETRO (do latim «velox», rápido) ou CELERÓMETRO (do latim «celer, -eris», depressa) é a medição da velocidade, i. é, da distância percorrida durante um determinado tempo.
A trapalhada no sentido destas definições é ... desconhecimento.
No Brasil usamos, para medir distância percorrida,e escrevemos odômetro, embora o Houaiss ache preferível hodômetro (nunca vi escrito) e registre celerímetro e conta-quilômetros como seus sinônimos, não usados comumente por aqui.
Para medir velocidade, sempre velocímetro, sem sinônimos. Precisamos apelar para um terminógrafo.
Confirma-se, pelos comentários de Franco e Silva e Paulo Araujo, que há trapalhada.
Os dicionários, caro Franco e Silva, deviam ser redigidos no sentido de nos podermos fiar cegamente neles, pelo menos em questões técnicas como estas.
Parece-me que o termo "velocímetro" é mais usado e preferível a "celerímetro", e é a tradução que alguns dicionários apresentam para "speedometer". A questão que se coloca ao lexicógrafo é se se deverá registar sentidos indevidos quando usados correntemente. Na minha opinião, sim, embora seja necessária uma observação no verbete.
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