15.4.09

Sobre o trema


Das letras ramistas a Citroën

      No dia 1 de Outubro de 1885, André Gustave Citroen, filho do joalheiro holandês Levie Citroen e da polaca Mazra Kleinmann, entra para o 9.ºC no Liceu Condorcet em Paris. Quando se matricula, acrescenta um trema ao patronímico: Citroën. Passados 123 anos, alguns jornalistas portugueses ainda não sabem exactamente onde deixar cair os pingos, como dizem os Brasileiros. Em francês, o trema (tréma, nesta língua, cujo étimo é o grego τρημα, «orifício, buraco») é o sinal ortográfico formado por dois pontos justapostos que se escrevem sobre as vogais e, i e u para indicar que não formam um digrama com a letra anterior nem é a associação de uma semivogal com uma vogal, mas que se trata de uma disjunção entre duas vogais, que por isso devem ser pronunciadas separadamente: aiguë, Israël, maïs, capharnaüm...
      O trema foi introduzido em 1532 na língua francesa pelo médico Jacobus Sylvius para distinguir o i e o u vocálicos do i e do u consonânticos, que se confundiam graficamente. Só mais tarde foram introduzidas as chamadas letras ramistas (assim designadas em homenagem ao humanista francês Pierre de la Ramée, conhecido por Petrus Ramus, nascido em 1515, que na página 26 da sua Grammaire Française, publicada em 1572, propôs estas letras), o j e o v, desconhecidas do Latinos.

1 comentário:

Paulo Araujo disse...

Pois é, Guégués, acabamos de perder os pingos, definitivamente.
Quanto às letras ramistas, apesar do esforço de Petrus Ramus e da regularização daquelas letras por Moraes,em 1789, houve um dicionário,de 1806/1817, o Novo Diccionario da Lingua Portugueza, que ainda apresentava, em sua nominata, sequências como:cajá; cajadada; caiadeira; cajado; caiador; e também, ovar; ovário; ouca; oução; oucenca; ouveiro; ovelha, além de muitas outras. Edição de um francês, Rolland, que deveria conhecer o esforço de Pierre de la Ramée.